Documentário sobre a primeira médica negra do Brasil será lançado na Mostra Olhar de Cinema, em Curitiba

por | junho 10, 2024

Com direção Mariana Jaspe, ganhadora de um Kikito por Melhor Direção, obra conta a história da baiana Maria Odília Teixeira, a primeira médica negra do Brasil

‘Quem é essa mulher?’ é um projeto apresentado pelo Ministério da Cultura e Drogaria SP, através da Lei Federal de Incentivo à Cultura e patrocínio da Bayer. Conta com coprodução da CARNEFILME, realização da Maré Produções Culturais, Ministério da Cultura, Governo Federal da União e Reconstrução.

O documentário ‘Quem é essa mulher?’, resultado da parceria entre a Maré Produções e a cineasta soteropolitana Mariana Jaspe, será lançado nos próximos dias 15 e 16 de junho na Mostra Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba. Retratando a vida de Maria Odília Teixeira, primeira médica negra do país, o filme é um road movie filmado na Bahia, apresentando a jornada de uma figura histórica como elemento central da narrativa.

A história de Odília é contada através dos olhos de Mayara Santos, mulher negra, oriunda da periferia de Salvador e mestra em História pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). No documentário, Mayra desvenda a vida de Maria Odília, nascida em São Félix do Paraguaçu, no Recôncavo Baiano, dez anos antes da abolição, filha de um homem branco, proveniente de uma família rica e tradicional família, com uma mulher negra, filha de uma ex-escravizada.

“Para mim, este é o encontro da minha vida. Me traz muita felicidade, mesmo após todos esses anos, pois continua sendo minha prioridade. Esta jornada me presenteou tantas pessoas, lugares e sensações, que considero um verdadeiro privilégio e acredito que o filme é a melhor linguagem para compartilhá-la. Podia pôr numa praça, num telão e lá vai ter uma criança de 10 anos e uma senhora de 87, sendo tocadas por essa história de alguma forma. Esse filme é um sonho”, conta a pesquisadora Mayara Santos.

Foto: Caio Lírio

Filmado em cinco cidades baianas, o documentário traça um paralelo entre as trajetórias de duas mulheres separadas por um século: Maria Odília e Mayara. Mayara, uma mulher contemporânea, atualiza questões que Odília viveu, enfrentando também conflitos próprios do presente. Um ponto alto do filme é a entrevista com o filho primogênito de Odília, que tinha 100 anos quando foi entrevistado e faleceu pouco tempo depois. Assim, o documentário revela uma busca profunda, tanto no tempo quanto no espaço, explorando vidas e histórias que se entrelaçam em diferentes épocas.

A diretora soteropolitana Mariana Jaspe, ganhadora do Kikito de Melhor Direção no Festival de Gramado, em 2023, enfatiza a importância dessa imersão profunda na história de Odília. “Levar a trajetória de Maria Odília, e grandes mulheres como ela, para as telas é essencial para nossa identidade. É parte do exercício de desconstrução de uma historiografia colonizada para a construção de algo nosso, brasileiro, do nosso povo. Meu desejo é que o filme, e todas as interseções entre as vidas das nossas protagonistas, ajude a traçar um retrato complexo e profundo de personagens históricos negros, com suas diversas camadas e vivências, oferecendo à contemporaneidade novas perspectivas e possibilidades.”, explica.

Através das lentes de Jaspe, o projeto oferece uma perspectiva única e envolvente sobre a vida e a trajetória da médica pioneira. Conhecida por suas obras como a série “Flordelis: Questiona ou Adora”, e o multi premiado curta-metragem “DEIXA”, protagonizado por Zezé Motta, a diretora traz uma abordagem sensível e profunda, permitindo que o público se conecte emocionalmente com a história de Maria Odília, uma mulher feliz com suas escolhas.

“Um ponto fundamental do filme é a relação direta entre Mayara e Odília e como as vidas dessas duas mulheres, separadas por um século, se tocam e se conectam a todo momento. É uma conexão que extrapola o filme porque Mayara representa muitas outras mulheres, mulheres contemporâneas, e Odília era uma mulher à frente do seu tempo em todos os aspectos, uma figura fora do comum.”, acrescenta Mariana.

‘Quem é essa Mulher?’ é mais do que um documentário histórico; é uma ode às Marias Odílias e às mulheres negras que construíram a história do Brasil. Com uma produção que levou três anos para ser concluída, o filme é um tributo emocionante a uma figura pioneira que desafiou barreiras e deixou um legado duradouro para as gerações futuras.

Além disso, o documentário recebeu apoio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, com o patrocínio da Bayer e Drogaria São Paulo, destacando o comprometimento em trazer projetos culturais significativos para o público. “Esse filme diz muito sobre nosso propósito como produtora, sobre as histórias que buscamos contar e sobre as personagens, muitas vezes apagadas pela história, que nós queremos levar ao conhecimento do grande público”, reforça Fernanda Bezerra, CEO da Maré Produções Culturais.

Foto: Caio Lírio

O documentário não apenas narra a vida de Maria Odília Teixeira, ela transcende o tempo e os espaços geográficos, unindo passado e presente em uma teia de significados e reflexões e debates sobre as escolhas que Odília fez no passado e a leitura que fazemos hoje sobre elas. A Bahia desempenha um papel crucial nessa conexão não só como um cenário, mas como um elemento vivo que permeia toda a narrativa. Cada cena proporciona ao espectador uma imersão autêntica na essência da Bahia.

‘Quem é essa Mulher?’ é uma oportunidade para o público se conectar com uma história muitas vezes esquecida, como a de Maria Odília, e é um filme para refletir sobre o legado e o impacto das mulheres negras na sociedade brasileira.

“Ela era uma mulher que veio de uma classe social que a rejeitava, que acessou espaços que eram negados a mulheres como ela, mas que criou estratégias para circular e pertencer a esse mundo, alcançando grandes feitos, sem talvez ter se dado conta da grandiosidade dessas conquistas. Odília faz escolhas próprias e muito complexas numa época em que as mulheres não tinham voz”, conclui a diretora Mariana Jaspe.

O filme tem roteiro de Mariana Jaspe, Muriel Alves com a colaboração de Flávia Vieira e Ricardo Gomes, que também assina a montagem. A direção de fotografia é de Fernando Marron e trilha sonora original de Fábio Stamato. Com uma produção que envolveu três anos de pesquisa, filmagens e edição meticulosa, o documentário é um testemunho do compromisso da equipe em contar uma história que vai além das páginas dos livros. É uma homenagem às mulheres que desafiaram as limitações impostas pela sociedade e que, através de sua coragem, abriram caminhos para as gerações futuras. A trilha sonora também conta com a canção despreconceituosamente, de Mateus Aleluia, uma reflexão sobre o amor.

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