De um crossover de artistas do Brasil, Europa e África surge Barracão, que é força ancestral, é samba, ijexá, congo e qualquer outra manifestação desse Espírito Santo que viaja pelo mundo. Barracão é a tradição que se renova na música eletrônica e vai ao encontro de si mesma. É África que na América antropofágica virou raiz.
É a alma negra do artista Fabio Carvalho, que sorve a melodia úmida do mestre sambista Edson Papo Furado. É a alma do Afro Congo Beat, que mistura seu alimento ao mafê e à malagueta para aportar em uma nova Paris, Congo verdadeira porque miscigenada. Barracão é uma obra única em “forma variação”. Cinco leituras de um samba dão o retrato de uma diversidade posta em obra. O que move são as possibilidades de escuta e dança.
Barracão parece drama de Ticumbi, onde a música acontece em seus modos: seja na ambiência melancólica de um lounge, onde toca o organum pós-moderno do Produtor francês Infrared; seja no minimalismo primitivista de Mogo Naaba do Togo; seja também na polirritmia do brasileiro Gus What, aka Guga Prates, da qual parece brotar o ethos da alegria, como gotas saltitantes; ou seja na afro-latinidade inquieta de
Fabio Carvalho, que sintetiza elementos dos ritmos brasileiros em um dançante bolero.
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