Alexandre Salles leva releitura contemporânea de terreiro para a CASACOR São Paulo 2024

por | maio 23, 2024

O espaço-instalação artística de 141 m² é materializado na cor terracota para ressaltar a importância histórica, cultural, religiosa — e de preservação de memórias afro-brasileiras — no que promete ser uma das arenas mais disputadas da mostra

O arquiteto Alexandre Salles, à frente do Estúdio Tarimba, apresenta o Terreiro, um espaço-instalação artística com foco na ancestralidade afro-brasileira, que se destaca no formato proposto para a edição da CASACOR São Paulo 2024

Inspirado na vitalidade dos quintais e terreiros como espaços tradicionais de convívio social, Salles, que também é mestre em Semiótica Urbana pela FAU-USP, propõe uma reinterpretação contemporânea desses ambientes, enfatizando sua importância histórica, cultural, religiosa e de preservação de memórias afro-brasileiras.

O ambiente é preenchido de elementos verticais que evocam materialidades e memórias, plantas e sincretismo em convergência, resultando em um espaço dinâmico de  vivências, encontros e aprendizados. Ele convida os visitantes a explorar e refletir sobre a riqueza e a contribuição da herança cultural negra para o Brasil.

O foco é a Casa Ancestral, o Ilê, o Lar, o Abrigo, o Quintal — espaços repletos de simbolismos e significados que ecoam por meio das gerações. A pesquisa divide-se em três partes essenciais: Origem, Laços Profundos e [RE]Existência.

“O terreiro é um lugar de encontro, é uma praça e está diretamente ligado a lugares de interação. Celebro o terreiro também conectando-o ao quintal, que tem, muitas vezes, esse jardim sincrético, o jardim de vó com flores e ervas”, explica o arquiteto. 

Bia Nauiack/CASACOR

A representatividade afro-brasileira é enfatizada de maneiras física, sensorial e abstrata, até o campo digital. No projeto, Salles reinventa a materialidade do ambiente, incorporando elementos simbólicos, texturas e formas que evocam uma narrativa visual, destacando a cultura e a história afro-brasileira.

O espaço tem 141 m² e o protagonismo do matiz terracota se apropria do pisar no chão, da terra batida, do estar em casa. “Usar lajotas e revestimentos que criam essa ligação com a terra e com o barro faz todo sentido”, reflete.

Na entrada, as boas-vindas ao recinto, se dão por meio de altares que recebem os visitantes fazendo referência à família e à ancestralidade, um amálgama preciso à narrativa deste ano da edição CASACOR São Paulo: “De presente, o agora”.

Logo após, há os sete dias da semana representados por orixás, por meio do design, sem imagens explícitas, mas com pequenas instalações que evocam esse tipo de referência. E na sequência, ainda temos o espaço central que é protagonista do Terreiro. O ambiente se desdobra em um grande círculo e será usado como apoio para rodas de conversas e entre outros eventos sob a chancela oficial da CASACOR. 

“Teremos outra parte que chamo de Laços Profundos, que será preenchida por imagens, arte plástica e objetos que vão trazer um pouco dessa memória afro-brasileira. E eu também trago para o espaço a inteligência artificial”, ressalta.

Nesse sentido, o arquiteto trouxe para o layout uma parede com código de inteligência artificial, feita por Indio San. A composição faz referência ao contingente de pesquisa realizada, apoiado em referências diversas sobre a herança cultural e tecnologia construtiva africanas e transmuta em um elemento arqueológico do futuro, propondo assim, um diálogo interessante com os aprendizados contemporâneos do agora.

Bia Nauiack/CASACOR

Há ainda, a Instalação Costura do Tempo, uma homenagem às matriarcas, às mães, símbolos dos saberes da ancestralidade africana, referenciadas pela manualidade de cozer, do tecer, do unir, do gerar, do cantar, do sonhar, do passar adiante, em comunhão com a representatividade destas mulheres frente a sua resiliência a temporalidade da vida.

“Não tem como referenciar esse terreiro, esse quintal, sem a presença dessas mulheres: as nossas avós, nossas mães e as nossas bisavós. Por isso, terminamos o trajeto com a própria inteligência artificial, sendo um convite para o futuro, mas sem esquecer o passado. O sonho é azul, alinhavos de todos os nossos desejos e esperança. Axé”, revela.

No ambiente, a engenharia é realizada pela BSER Engenharia e RR Construtora, o forro acústico e a cortina são produzidos por Ladytex, as bandeirolas de tecido são da Promex Decor, as estruturas de bambu são do designer Aurélio Pimentel e o projeto de paisagismo de Gil Fialho.

Além deles, há também os vasos de polietileno 100% reciclado da Vasap Design que compõem o ambiente, a luminotécnica é de Carlos Fortes Iluminação, os pisos cerâmicos são da Lepri, a pintura do espaço das tintas da Coral e o piso cerâmico de caquinho telado são da Colormix. 

A marcenaria é da Marcenaria Tamboré e Pipa Movelaria, serralheria da Carvalho & Carvalho, a LG inclui no espaço as caixas de som e painéis de LED e o gesso é da Gesso Guarapiranga. 

Bia Nauiack/CASACOR

SERVIÇO:

CASACOR São Paulo 2024 

Onde: Conjunto Nacional, na Avenida Paulista, 2073 

Quando: de 21 de maio a 28 de julho de 2024 

Horário de funcionamento do evento

Terça a Sábado das 12h às 22h 

Domingos e Feriados das 11h às 21h 

Horário bilheteria

Terça a Sábado das 12h às 20h 

*Fechamento da bilheteria física 15 minutos após o último horário de cada dia. A visita poderá acontecer até às 22h 

Domingos e Feriados das 11h às 19h 

*Fechamento da bilheteria física 15 minutos após o último horário de cada dia. A visita poderá acontecer até às 21h 

Bilheteria digital: https://appcasacor.com.br/events/sao-paulo-2024/tickets

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