Crítica: “A Pequena Sereia” tem um resultado divertido e empolgante e faz uma boa apresentação de Halle Bailey ao mundo

por | maio 22, 2023

Quando foi anunciado o início da produção do live action do clássico “A Pequena Sereia”, as redes sociais foram inundadas com manifestações racistas e misóginas por conta da escolha da cantora e atriz Halle Bailey como protagonista. Ignorando totalmente que sereias são seres inexistentes, a horda de ignorantes argumentam que “não pode existir uma sereia negra”. Pois bem, o filme chega em sua semana de estreia e vai ser preciso muita má vontade para não gostar do resultado final do longa dirigido por Rob Marshall.

A sinopse é a mesma do clássico de 1989: A  jovem sereia Ariel é encantada pelo mundo dos humanos e faz um acordo com Úrsula, uma bruxa do mar, para trocar sua bela voz por pernas humanas e assim explorar o mundo humano e viver o amor por um príncipe.

Antes de mais nada, é preciso cravar de uma vez por todas que Halle Bailey se provou a escolha perfeita para viver a versão contemporânea de Ariel. Doçura, encantamento em face de um novo mundo, charme e uma voz incrível compõem a boa atuação da atriz, que em boa parte da produção precisa atuar somente com o olhar e os gestos. Seu visual, como já visto nos materiais de divulgação, é composto pela icônica cauda azul e os cabelos vermelhos, aqui em forma de dreadlock, outra escolha acertada da Disney.

Poster oficial do filme

Há aqui dois resultados diferentes para os parceiros de aventura de Ariel em termos de computação gráfica. O fofo peixe Linguado, um personagem super expressivo na animação original, perde personalidade com sua versão hiper realista e também é pouco explorado na trama, o que é uma pena. O efeito completamente oposto é alcançado com Sebastião, o siri conselheiro do Rei Tritão (Javier Bardem). O crustáceo  falastrão, embora concebido com realismo, é o personagem que disputa em carisma com Ariel. A dublagem de Daveed Diggs está fabulosa.  Os responsáveis pelo design do personagem conseguiram conferir tal realismo que quase se dá para imaginar que seria possível ver um crustáceo falar na vida real sem que a gente estranhe.

Gravar cenas emulando o fundo do mar não é tarefa fácil. Pode-se escolher por uma fotografia escura que cubra os eventuais problemas de efeitos especiais ou criar um mundo totalmente cartunesco, o que em “A Pequena Sereia”, contrastaria com o resto da concepção visual do filme. Os realizadores conseguiram equilibrar perfeitamente os momentos de sobriedade com a necessidade de evocar um clima lúdico para alguns momentos, com ponto alto durante a interpretação de algumas canções.

E o que dizer das canções? O filme traz três novas canções e novas versões da trilha original, que incluem “Wild Unchartered Waters”, interpretada por Eric; “For the First Time”, interpretada por Ariel; “The Scuttlebutt”, interpretada por Sabidão (Scuttle) e Sebastião (Sebastian), e uma reprise adicional de “Part of Your World”, para Ariel.

Halle Bailey canta sensacionalmente bem, mas além da extensão vocal e afinação, as canções conversam com a história, não ficando deslocadas como músicas jogadas aleatoriamente para cumprir tabela. Há um momento aqui em que as criaturas do mar participam do número musical que é muito bom!

São Paulo para crianças - Live-action da Pequena Sereia da Disney estreia  dia 25 de maio e single de “Part of Your World” já está disponível nos  streamings

Imagem: Divulgação

Ainda que se possa argumentar que soa anacrônico uma mulher largar tudo para ficar com um príncipe, outra interpretação é bem mais plausível assistindo ao live action. Ariel nutria uma atração pelo mundo humano antes mesmo de conhecer Eric (Jonah Hauer King) e ela escolheu sair da superproteção do pai, que embora a ame, não a deixava ser quem ela queria ser. O próprio amado da princesa submarina é um homem com engajamento para liberdade, o que conversa diretamente com os anseios da protagonista.

Infelizmente, a vilã Úrsula, vivida competentemente por Melissa MCcarthy, ganha um final um tanto quanto anticlimático com uma queda inexplicável na qualidade do CGI no trecho final do filme. Talvez um clímax menos ambicioso em termos de grandeza trouxesse mais benefícios ao fechamento dessa personagem, que tem motivações pessoais pouco exploradas, mais narradas que exibidas, o que tira o potencial da bruxa.

O filme poderia ter explorado um pouco mais daquele mundo da Ariel. Vemos suas irmãs e os outros habitantes do reino do fundo do mar e fica uma pontinha de curiosidade para saber como é a rotina daqueles seres que, para a infelicidade dos reacionários de plantão, são retratados de forma muito diversa!

“A Pequena Sereia” é um dos melhores live-action da Disney. Honesto, bonito,divertido e uma vitória para carreira de Halle Bailey.

O filme estreia no dia 25 de maio.

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