Mostra “Farofa do Processo” contempla espetáculos em construção, além de peças recentes, num total de quase 40 trabalhos

por | fevereiro 26, 2024

Jessica Teixeira, Tenca Silva, Andreas Mendes, Mawusi Tulani, Terra Queiroz, Original Bomber Crew e Pedro Vilela são alguns destaques do evento, que acontece entre 2 e 10 de março em vários espaços de São Paulo

Entre os dias 2 e 10 de março de 2024, a mostra Farofa do Processo ocupa a cidade de São Paulo, com a apresentação de trabalhos em construção que apontam conexões, descobertas e provocações no campo das artes cênicas, além de espetáculos recentes. Este ano, a Oficina Cultural Oswald de Andrade, a Casa do Povo e o Teatro de Contêiner recebem tanto os trabalhos em processo quanto os espetáculos já prontos. A programação é intensa, com sessões de manhã, de tarde e de noite, com mais de 100 horas de apresentações. Veja a programação completa no site oficial.

A Faroffa (antes com dois Fs) nasceu em 2020 como uma alternativa ao público, aos produtores e programadores nacionais e internacionais, apresentando uma cena “off” da cidade e do país, mas contemplando, prioritariamente, processos artísticos, como um ultrassom, que antevê aspectos humanos, gerando imagens em tempo real de partes ou estruturas do corpo. Na edição de 2024, chamada Farofa do Processo, as imagens processuais são de obras artísticas em suas jornadas de criação, em tempo “quase” real. A mostra é um espaço dedicado àquilo que ainda não sabemos, o que antecipa um futuro.

Algumas das obras e processos artísticos que estarão na Mostra Farofa do Processo, de 2024

“Queremos dar aos processos artísticos o mesmo peso que damos aos espetáculos já prontos. É uma chance de trazer o backstage para a cena, revelando para as pessoas como nasce uma obra cênica, e destacando todo o trabalho de produção”, explica Gabi Gonçalves, uma das idealizadoras da Farofa, da Corpo Rastreado.

Dessa forma, a Farofa do Processo define-se como um mergulho em questionamentos sobre o olhar e o fazer nas artes cênicas, em uma busca por desenvolver uma nova linguagem para a produção. Tudo isso acontece também por meio de ações de aproximação dos mais variados tipos: rodas de conversa, bate-papos, encontros com programadores, exposições, exibições de vídeos e mais.

A ideia é aproveitar a oportunidade para debater com a sociedade questões relacionadas à criação, pensando também sobre a distribuição, a circulação e a mediação das artes vivas. E, por este motivo, a programação do evento é viva, modificando-se conforme a necessidade. “Movimento” é uma ideia que está colada à estrutura de pensamento da Farofa, desde seu primeiro ano, em 2020.

Espetáculos da Farofa do Processo

O foco do evento não são os espetáculos já prontos e sim os que estão em processo de criação. Por esse motivo, são exibidas apenas obras que já ganharam os palcos. Não há estreias. Com a reapresentação de alguns trabalhos recentes, é uma chance de ver – ou rever – peças ou coreografias responsáveis por discussões importantes.

Um deles é baseado no romance vencedor do Prêmio Jabuti de 2021, “O Avesso da Pele”, de Jeferson Tenório, que ganhou uma adaptação para o teatro com o Coletivo Ocutá, que ocupou os palcos em 2023. A peça, homônima, reflete sobre identidade e as complexas relações raciais, envolvendo principalmente violência e negritude. Na trama, Pedro narra a sua história a partir da vida de seu pai, Henrique, um professor de literatura da rede pública de ensino que sofre uma desastrosa abordagem policial e acaba assassinado.

O Avesso da Pele | Foto: Helt Rodrigues

Processos artísticos na Farofa do Processo de 2024

Os quase 30 trabalhos – em diferentes fases de criação – estão sendo idealizados por artistas de São Paulo, da Baixada Santista, do Espírito Santo e do Piauí. “Não pressionamos ninguém a acelerar as suas produções. Muito ao contrário. Nosso objetivo é deixar as pessoas livres para criar, sem a pressão das datas”, explica Gabi.

Entre os destaques está o trabalho de Andreas Mendes, Mawusi Tulani, Mirella Façanha e Tenca Silva, da Coletiva Inscritas, que levam ao palco “Carrossel”, um jogo performático improvisacional em que um grupo de atrizes e diretoras se interrompem em busca de uma composição que aproxime a plateia da cena.

Carrosel | Foto: Mirella Façanha

Coletivo Legítima Defesa mostra ao público sua pesquisa de “Exílio: Notas de Mal-Estar que Não Passa”, uma “transcriação da poética” do período de exílio vivido por Abdias Nascimento e a sua relação com Augusto Boal. Em “Jukebox – Resistência y F(R)esta”Cris Meirelles y Poderosa Ísis propõem um jogo-cabaré, enquanto em “Favela de barro-instáveis moradias em queda”, a Esquadrilha Marginália se debruça nas temáticas periféricas que envolvem a formação do território das favelas, o processo de desapropriação das terras, as heranças culturais negras e indígenas e seus reflexos nos cotidianos das cidades.

E não para por aí…

O evento também conta com espetáculos infantis, ferramentas de acessibilidade e inclusão, conversas sobre internacionalização, Laboratório de Pensamento e Prática e ações reflexivas promovidas pelo coletivo crítico Arquipélago.

Exílio | Foto: Iramaia Gongora

AGENDA

Mostra Farofa do Processo
De 2 a 10 de março de 2024
Gratuito – ingressos distribuídos uma hora antes das apresentações
Atividades das 10h às 22h.
Informações e programação completa em: 
https://www.faroffa.com.br/

Locais:
Oficina Cultural Oswald de Andrade
Rua Três Rios, 363, Bom Retiro, São Paulo, SP

Casa do Povo
Rua Três Rios, 252 – 1º andar, Bom Retiro, São Paulo, SP

Teatro de Contêiner
R. dos Gusmões, 43, Santa Ifigênia, São Paulo, SP

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