“Constituição: o ovo ou a galinha?” estreia no Sesc Copacabana

por | junho 3, 2024

Idealizada por Natasha Corbelino, escrita por Cecília Ripoll e dirigida por Juliana França, montagem inédita leva ao palco 20 atrizes conversando com direitos e deveres de modo divertido e fluido tendo como base a Constituição de 1988

“E quando a galinha é sua, mas bota ovo no terreno do vizinho? De quem é o ovo?”. A pergunta que abre “CONSTITUIÇÃO: o ovo ou a galinha?” já insinua os questionamentos aos quais a peça se propõe. Texto inédito de Cecilia Ripoll a partir de uma longa pesquisa de Natasha Corbelino, o espetáculo dirigido por Juliana França leva à cena 20 atrizes plurais a partir do dia 30 de maio às 20h na Arena do SESC Copacabana. A peça leva ao palco uma discussão sobre direitos e deveres de modo divertido e fluido, unindo o documento histórico com o saber fazer de artistas da cena.

No palco, muitos Brasis. Uma dramaturgia nacional inédita, escrita e dirigida por pessoas jovens e com percursos consistentes. Em cena, com maioria não-branca, estão atrizes negras, indígenas e brancas, não-bináries, transgêneras e cisgêneras. Na trama, só uma cerca separa os terrenos vizinhos, e um personagem adquire uma galinha bem peculiar: ela só consegue colocar ovos no terreno do vizinho. E aí, de quem são os ovos? Essa é a pergunta chave que move a ficção por caminhos surpreendentes, no desejo de promover reflexão e debate. “Constituição: o ovo ou a galinha”, é uma peça-debate-arena calorosa que traz para o centro da roda e para a boca do povo a Constituição Brasileira conversada com humor.

A peça teve sua origem em 2016 quando, no dia do golpe contra Dilma Rousseff, Natasha decidiu trabalhar com a Constituição Brasileira nos Arcos da Lapa. Desde então, a artista passou a pesquisar a Constituição Brasileira e performar artisticamente sobre o tema em muitos projetos como, em 2020, passou 7h falando a palavra “constituição” no YouTube do Museu da Maré no dia 7 de setembro daquele ano. Em 2021, foram 8h ao vivo no Oi Futuro Flamengo lendo a Constituição Brasileira como parte do projeto “Boleto em Cena”, cuja proposta era que boletos de pessoas trabalhadoras da Cultura fossem pagos enquanto a ação performativa acontecia. Alguns editais com projetos coletivos, um Mestrado na UFRJ e muitas ações artísticas depois, realizadas da Maré, Jacarepaguá e Japeri a UNICAMP e Museu da Mulher, em Bonn (Alemanha), um espetáculo teatral totalmente inédito chega à cena.

CONSTITUIÇÃO: O Ovo ou a Galinha | Foto: Renato Mangolin

“O que o teatro faz, e nossa peça celebra, é um ato precioso de dar a ver camadas de Brasis em luta com uma linguagem estética que ilumina e é iluminada pela ética coletiva que só a cena partilha com o público. Com a criação, as pessoas na plateia podem bordar mais possibilidades de lidar com o real e a expansão de estratégias de manutenção da pulsão de Vida. Nossa peça evidencia o que falta e o que sobra na nossa Constituição como sociedade democrática. Nossa cena causa conversa plural ao mostrar e estimular que muitos pontos de vista tomem a palavra, o corpo, tomem uma posição em relação a uma questão aparentemente simples: de quem é o ovo?”, pondera Natasha.

Imaginar a Constituição do Brasil como matéria essencial da cena foi algo fundante para elaborar a peça como uma prática plural com protagonismo de mulheres plurais, com representatividade. “A Constituição de 1988 é tida como exemplo mundial enquanto avanço de conquistas sobre direitos das minorias. Mas, talvez pelo linguajar mais formal e institucional, pelas letras miudinhas ou por uma soma de fatores, há algo na Constituição que faz com que guardemos dela uma certa distância. Através da ficção e do humor estabelecemos uma troca franca e direta com o público, quebrando a ideia prévia de ser algo muito complicado. E, quando nos damos conta, estamos construindo pensamentos por uma via não elitizada, despida de pompas e cerimônias”, acredita Cecília Ripoll.

Para dar conta de uma encenação com elenco numeroso, o ponto de partida da diretora Juliana França, junto com a diretora assistente Jessyca Meyreles e Camila Rocha, responsável pela Direção de Movimento e Preparação Corporal, foi desenvolver características de um coletivo. “Bem como fora feito nas constituintes em 1987 e 1988, onde pessoas do Brasil inteiro pensaram, sonharam e idealizaram um futuro de Brasil. Assim, tivemos como base o sistema coringa proposto por Augusto Boal, entendendo que todas seriam as coringas-protagonistas responsáveis por contar essa fábula proposta pela Cecília. Uma história tramada e contada por 20 mulheres em plenária: apresentam-se propostas e reconstituem-se fatos, evidencia-se contradições e apontam caminhos. Na plenária, através da fábula, imagens surgem e fazem com que a teatralidade transborde”, finaliza Juliana.

SERVIÇO:

Temporada: 30 de Maio a 23 de Junho

Dias da semana: Quinta-feira a Domingo

Horário: 20h

Local: Arena do Sesc Copacabana

Endereço: Rua Domingos Ferreira, 160 – Copacabana – Rio de Janeiro

Informações: (21) 2547-0156

Ingressos: R$ 7,50 (associado do Sesc), R$ 15 (meia-entrada), R$ 30 (inteira)

Bilheteria – Horário de funcionamento:

Terça a sexta-feira – 9h às 20h / Sábados, domingos e feriados – 14h às 20h

Classificação indicativa: 10 anos

Duração: 80 minutos

Lotação: 245 lugares (sujeito à lotação)

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