‘Suor e Febre’, primeira música autoral do grupo, mescla gênero tradicional com sons sintéticos
Samba com elementos do rock, trap e música eletrônica. Essa é a proposta disruptiva do Poeira Pura para o seu novo single. Batizada de ‘Suor e febre’, a 1ª música autoral da banda – que busca construir uma nova estética para o gênero tanto no som, como também no visual e no discurso – é uma composição de Mateus Professor e Binho Sá, e conta com a participação de Alexandre Favilla, que já trabalhou com grandes nomes da música brasileira, como Iza, Lulu Santos e MC Carol. A música, que será lançada no dia 04 de junho, estará disponível em todas as plataformas digitais.
Para Mateus, a música nasce do desejo de sentir o samba conectado com outras energias. “Durante esses dois anos e meio de existência das nossas rodas de samba, construímos nossa identidade em cima de uma personalidade que cultua os segredos da noite, o sexo, a liberdade e a postura ativa diante dos desafios da vida. E a gente precisava de um som de samba que expressasse isso, conectado com esse espírito envolvente, misterioso e expansivo, e se necessário, até agressivo”, explica.
Um dos desafios da produção era manter a sonoridade do samba como protagonista, mas também adicionar elementos de outros gêneros musicais que se encontram em alta no cenário musical, como o trap e o afrobeat. Para Felipe Fernandes, um dos produtores responsáveis pelo projeto, a proposta feita pelo Poeira Pura não é algo comum de se encontrar. Isso porque diversas músicas que dialogam com o samba, utilizam seus elementos apenas como detalhes secundários em sua sonoridade. “Era o nosso principal desafio, fazer o público reconhecer que ‘Suor e febre’ é um samba que busca inovar, experimentar, e não um som que usa elementos de samba de maneira secundária para trazer referências ou homenagear o som tradicional brasileiro.”, explica.
“Deixar as percussões do samba sempre na frente como referências máximas pra tudo que a gente criar é nosso mantra, nosso início, meio e fim. Só depois entram os synths, a guitarra e outros elementos”, completa Mateus.
Já Alexandre destaca outro passo importante no processo criativo da música foi a imersão em sons que cada um trazia com referência na vida. “Mateus já chegou sabendo muito bem o que queria, com várias ideias prontas. O grande desafio era como adicionar a essa estrutura outras referências de sons que a gente tanto gosta sem nenhum preconceito e de cabeça aberta. Com o Poeira Pura eu sinto que estava mais como aluno do que qualquer outra coisa, um pouco no lugar de ouvinte e de aprendiz. E fui usando muito mais meu coração do que qualquer técnica. Se você está aberto a se colocar nesse lugar de aprendizado sem esquecer toda sua bagagem, sempre vem coisa boa”, explica.
A ancestralidade do samba dentro do projeto feito pelo Poeira Pura vai além da sonoridade. O single foi gravado no estúdio Companhia dos Técnicos, onde diversos nomes de peso do gênero musical também realizaram as produções de suas canções e de seus álbuns, como Zeca Pagodinho, Paulinho da Viola e Fundo de Quintal.
Rogério Família, também fundador do Poeira Pura, afirma que normalmente rodas de samba, como o Poeira, cantam as músicas mais tradicionais do gênero musical. Apesar dos grandes sucessos serem grandes guias para a trajetória do grupo, ele e Mateus decidiram seguir um caminho autoral e experimental, algo que sempre tiveram em mente, desde que o projeto foi lançado, em 2021. “É um caminho natural lançar músicas novas quando se trata de artistas do segmento, é algo fundamental para a construção de carreira e da trajetória. Quando surgiu a ideia de montarmos a nossa banda, isso já estava intrínseco, mas só começamos a organizar quando montamos o nosso show, que é diferente do formato das nossas rodas de samba”, pontua.
Em paralelo às rodas, o single vem para ampliar os horizontes do projeto, mostrar que a banda se prepara para tocar em palcos maiores e para mais gente: “Somos uma roda de samba nascida em Madureira, o coração da Zona Norte do Rio de Janeiro. Nossos eventos são intimistas, pra no máximo 1000 pessoas, imersivos, onde reforçamos nossa ancestralidade através de muita proximidade com o público. Nossa roda de samba é assim como os Candomblés, é o lugar onde as Deusas e os Deuses vêm cantar, beber, dançar e celebrar juntinhos da gente. ‘Suor e Febre’ fala sobre isso, mas também abre um leque de possibilidades para performances maiores, em grandes palcos e festivais, que é um dos objetivos do nosso trabalho”, afirma Rogério.
“E é só o começo do trabalho, que envolve produzir e lançar mais músicas, além de todo o preparo e dedicação para ofertar performances realmente impactantes, onde o público entre de um jeito e saia de outro, e o mais importante: que o samba seja enaltecido”, finaliza Mateus Professor.
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