A palavra que abre caminho. “Eu escrevo poesia porque as pessoas precisam ouvir o que meu povo tem a dizer”. Assim descreve a poeta, cantora e mobilizadora cultural Bruna Silva, mulher preta e lésbica, a respeito do seu primeiro livro autoral de poesias “Èsù Walê – O Caminho de Volta”, a ser lançado no próximo dia 13 de janeiro, às 19h, na Casa do Benin, com distribuição gratuita de exemplares. A noite contará com uma roda de conversa com Bruna Silva, o poeta e comunicólogo Marcelo Ricardo, a pesquisadora literária Amanda Julieta e o poeta performer Nelson Maca. Para encantar o lançamento, um pocket-show com Samba de Lua.
A publicação, que já está disponível em audiobook e conta com a direção de voz de Reinan Acioly, traz escritos encruzilhados nas ruas da periferia, para falar de afeto, força e da ancestralidade que a afirma e a faz (re)existir, palavras aquilombadas que vão alimentar o mundo. As poesias em denúncia de Bruna Silva demonstram os caminhos que a escritora e o povo preto já não desejam percorrer, mas que também nos apresentam os caminhos desejosos que a vida pode vir a ser.
Uma de suas poesias, escrita em parceria com o poeta Evanilson Alves, fala: “A palavra é nossa arma / Contra toda opressão / A poesia que não se cala / Dá voz a toda uma geração / (…) / Nosso fazer vai além do artístico / É conhecimento, exemplo e motivação / Que a poesia toque os corações / E na perifa gere transformação”.
“As minhas poesias nascem e se fundamentam nas encruzilhadas, das ocupações do meu corpo, nas batalhas de slam, das pessoas que estão no meu entorno. Por isso, elas ganham às ruas, pois esse é o tempo-espaço delas. As escritas surgem a partir dos caminhos que sou e ocupo”, reitera a escritora, que ganha sua primeira batalha no Slam das Minas, em 2018.
Bruna Silva acrescenta que o processo de ocupação das poesias escritas e declamadas nas ruas para a fisicalidade do livro nasce de um incentivo de seu irmão Igor Tiago. “O livro vem para afirmar que a minha arte é possível estar nesses lugares. Èsù Walê representa esse caminho que me diz onde, como e por que devo estar. E, principalmente, de onde não quero sair”, declara a poeta, que completa 10 anos de criação artística.
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