Compromisso Ancestral: Mãe Celina de Xangô lança livro com histórias do Cais do Valongo

por | abril 29, 2025

Depois do sucesso de vendas e de público da obra O Poder das Ervas, a Ialorixá Mãe Celina de Xangô lança seu segundo livro, intitulado Compromisso Ancestral, onde ela traz histórias do Cais do Valongo, na Região Central do Rio de Janeiro. O local é considerado Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO e grande símbolo da história brasileira e carioca.

 

Na obra, que será lançada dia 6 de maio, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Mãe Celina conta, de forma descontraída, leve e divertida, suas vivências únicas durante o processo de reconhecimento dos diversos objetos religiosos encontrados no sítio arqueológico e desenha outros caminhos e experiências que teve a partir do encontro com o Cais.

 

Mãe Celina de Xangô reforça que a concepção do livro começa a partir das suas vivências junto ao Cais do Valongo e pensou em documentar a sua caminhada na região e o exercício de sua ancestralidade e sua relação com o terreiro e os filhos de axé.

“O Cais do Valongo me traduz muito isso e quando comecei conversar com pessoas que estão me acompanhando nessa jornada desde 2011, acreditamos que esse é o momento de fazer, de escrever. São muitas histórias, que a Mãe de Santo tem que contar, não dá para ser num livro só, não, tem que ser aos poucos”, explica a Ialorixá.

 

Ainda segundo ela, o universo, os orixás e os ancestrais deram esse presente a ela, por ser um lugar tão sagrado. “O Cais do Valongo é um lugar maravilhoso e fazer parte dessa história e reconstruir a minha história dentro dela. No livro, falo de travessias de povos africanizados para o Brasil, principalmente para o Rio de Janeiro. Cabe muito a mim mesmo, que tenho quase uma obrigação de preservar essa memória”, relata a sacerdotisa.

O livro, escrito em parceria com os professores doutores historiadores Denilson de Oliveira e Simone Ferreira, ambos da UERJ, é um convite a ouvir uma história, assim como conta uma griot, ao mesmo tempo que convida a sorrir com os encontros inesperados que a vida proporciona e, ainda, um convite à reflexão sobre a forma como a sociedade valoriza e preserva a história, os patrimônios, as responsabilidades históricas e o legado dos que vieram antes.

 

“Precisamos, enquanto sociedade, entender a importância dos artefatos históricos e o quanto eles nos ajudam a entender nossa história e nos possibilita pensar em futuros prósperos e diferentes do que nos é fadado. Esse livro é uma ode à ancestralidade, como o nome já diz, mas também é futurista, pensando em olhar para o passado, para entender o presente e projetar o futuro”, explica a Ialorixá.

 

Com o livro, a ialorixá e escritora pretende preservar as memórias, sejam suas, dos antepassados e a memória do Cais do Valongo também que, segundo ela, é rica em diversos âmbitos.

 

“Essa memória, ou você sente, ou você não sente, ou você tem, ou você não tem. Quando falo de preservação, falo de respeito, de carinho, de afeto a tudo isso que me sustenta, que é a minha religiosidade, a minha ancestralidade. Então, quero que cada um lembre um pouco desse livro, que ler, se sinta assim, bem à vontade para sentir o quanto é importante ter nossos antepassados cuidando de nós, olhando e protegendo a gente o tempo todo”, analisa Mãe Celina.

 

Os professores doutores historiadores contribuíram com  a pesquisa de imagens, registros e complementos às informações trazidas por Mãe Celina. Uma parceria que coloca a autora ainda mais inserida no meio acadêmico, ambiente no qual ela já vem sendo convidada a falar e dialogar desde seu encontro com a Arqueologia da UFRJ, em 2011.

 

“Uma parceria rica em desdobramentos, em evolução de trabalho e o resultado foi muito além do esperado. É a união do conhecimento técnico com os conhecimentos de terreiro, dos povos originários. A Pequena África merece registros para que, no futuro, nossos descendentes saibam que nós contamos nossa história e não foi contada por ninguém, além do povo negro”, afirma a escritora.

 

Durante o lançamento de Compromisso Ancestral, Mãe Celina de Xangô também apresenta um pouco do seu trabalho como ativista e, mais recentemente, como artista plástica, que também são, inevitavelmente, atravessados e ancorados neste Cais.

0 comentários


– ÚLTIMOS VIDEOS –


– ÚLTIMAS NOTÍCIAS –