Após quase dois meses de julgamento e três dias de deliberação, o júri federal de Manhattan anunciou, nesta quarta-feira (2), o veredito final sobre as acusações contra o rapper e empresário Sean “Diddy” Combs, de 55 anos. O artista foi absolvido das acusações mais graves, como tráfico sexual sob coerção e associação criminosa, mas acabou condenado por duas acusações de transporte de pessoas para fins de prostituição.

A decisão encerra um dos julgamentos mais acompanhados dos últimos anos nos Estados Unidos, que envolveu denúncias de ex-parceiras, ex-funcionários e outras testemunhas, e revelou bastidores obscuros do império musical e empresarial comandado por Combs.

Condenação parcial e possíveis penas

Apesar da absolvição dos crimes mais graves, o júri considerou o rapper culpado por transportar duas mulheres entre estados americanos com o objetivo de envolvê-las em atividades sexuais mediante pagamento. Os episódios envolvem a cantora Cassie Ventura — ex-namorada de Diddy — e outra mulher não identificada.

As acusações pelas quais foi condenado podem resultar em pena de até 20 anos de prisão, sendo 10 anos para cada um dos dois casos. A sentença final será anunciada nas próximas semanas, e a expectativa é de que a promotoria peça ao menos quatro anos de reclusão. Já a defesa deve recorrer, buscando reduzir a pena e permitir que o rapper aguarde a decisão em liberdade, mediante fiança e outras restrições, como a retenção do passaporte.

Linha do tempo do julgamento

O caso teve início no dia 5 de maio, com a seleção do júri. Em 12 de junho, a promotoria apresentou os argumentos iniciais, acusando Combs de liderar, por mais de uma década, uma “organização criminosa informal” voltada à exploração sexual, tráfico de pessoas e obstrução de justiça.

Durante as semanas seguintes, mais de 30 testemunhas foram ouvidas. A promotoria destacou padrões de coerção psicológica, controle financeiro, e o uso de drogas para manter as vítimas sob influência. Já a defesa sustentou que os encontros foram consensuais, que as denúncias tinham motivação financeira, e que não houve qualquer tipo de crime.

As alegações finais ocorreram entre 26 e 29 de junho, e a deliberação do júri teve início no dia 30.

Repercussão e próximos passos

A decisão dividiu opiniões nas redes sociais e entre analistas jurídicos. Enquanto parte do público celebrou a absolvição das acusações mais severas, outros apontam que as condenações confirmam a existência de um padrão de comportamento abusivo.

Sean Combs ainda responde a processos civis movidos por vítimas, além de inquéritos federais relacionados a evasão fiscal e ocultação de patrimônio.

A data da audiência de sentença será definida nos próximos dias. Enquanto isso, o rapper permanece sob custódia, aguardando decisão sobre um possível pedido de liberdade condicional.