Edição de 2025 reuniu 12 mil pessoas, programação gratuita e shows de artistas de renome nacional.

O jazz feito no Brasil tem suas particularidades. Isso ficou ainda mais evidente ao longo do festival Jazz na Serra, realizado no último final de semana, de 22 a 24, em Santo Antônio do Pinhal. Com cerca de 7 mil habitantes, a cidade na Serra da Mantiqueira (SP) recebeu 12 mil pessoas nos três dias de evento. Quem compareceu observou a diversidade e a beleza da nossa música popular e instrumental, que se diferencia das demais do mundo pela fusão de elementos rítmicos de diferentes regiões e culturas.

O músico, produtor e curador do festival, Joabe Reis, diz que escolher artistas para um festival não é algo fácil. Se tratando de jazz brasileiro, essa dificuldade é ainda maior por causa da qualidade e virtuosismo dos músicos, cantoras e cantores. “Foi importante porque são de fato os artistas que hoje em dia representam a nossa música a nível global”, afirma. “Assim, a gente atrai a atenção do mundo para esse movimento que está acontecendo em Santo Antônio do Pinhal”. Esse cuidado, inclusive com a divisão dos shows em dois palcos próximos, resultou em satisfação total de quem esteve presente. “Fico feliz pelo feedback positivo, porque é muito difícil ser curador em um festival de música. Como instrumentista, eu já trabalhei e estive ao lado de tantos nomes da música que eu amo e gostaria que tivesse aqui nesses palcos. Mas a gente tem que fazer uma curadoria que tenha a ver também com o roteiro que a gente quer escrever aqui nesse festival”.

Do choro da Regional Ginga Ligeira e Hamilton de Holanda ao jazz funk e a modernidade da Djavu Sessions e Sintia Piccin Sexteto, passando pela delicadeza de Salomão Soares e Vanessa Moreno, a pulsação de Thiago Espírito Santo e Ellen Oléria, chegando ao tradicionalismo da Orleans Street Jazz Band, Trio Corrente e Americana Jazz Big Band. Essa pluralidade fez com que pessoas de diferentes localidades se aconchegassem para ver gratuitamente shows de alto nível.

“A recepção foi muito boa, muito boa mesmo”, ressaltou Hamilton de Holanda, um dos headliners. “Esse festival vai longe porque é muito charmoso, assim como a cidade. Teve muito cuidado em cada cantinho e onde os palcos foram montados. Eu acho que é sucesso garantido por muitos anos”.
O público era formado por 80% de não residentes da localidade, o que se confirmou quando Hamilton perguntou quem não era local e a maioria da platéia levantou a mão.

“Após assistir a quase todos os shows, posso dizer que a organização do festival foi perfeita”, disse um dos espectadores, em mensagem enviada à produção. “Toda a estrutura, sonorização, line-up e o cumprimento dos horários foi perfeito. Como vim do Rio de Janeiro, tive tempo de chegar e assistir aos shows iniciais e o primeiro do último dia para depois retornar”.

Aumentando a demanda turística e ocupando 92% da rede hoteleira, o Jazz na Serra movimentou a economia local. O sucesso desta terceira edição, produzida pela DNA Cultural com coprodução da Casa de Abelha, faz deste um dos grandes eventos locais e confirma a continuidade em 2026, de acordo com o seu idealizador Pedro Pimenta.

“É quase inevitável que aconteça novamente e já começamos a pensar em formas de fazer isso. A ideia não é fazer um festival que poderia acontecer em qualquer lugar, mas sim um festival que imprima a identidade da cidade e da Serra em sua experiência”, diz. “A ideia é manter aqui. Ocupar o centro da cidade e prestigiar o comércio que está aqui o ano inteiro”.

O Jazz na Serra é um projeto realizado com recursos da Política Nacional Aldir Blanc, através do ProAC Editais, com apoio da CULTSP – Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, do Ministério da Cultura e da Prefeitura Municipal de Santo Antônio do Pinhal, por meio da Secretaria de Turismo. Foram mais de 50 profissionais envolvidos, desde a produção, segurança, limpeza e brigadistas.