Fat Family: Irmãs mudaram os fios mais de 30 vezes em 2025, mostrando que o visual faz parte da expressão e identidade do grupo

por | dezembro 5, 2025

Mudar o cabelo, para muitas mulheres negras, nunca foi apenas estética. Cada trança, lace, corte ou textura carrega uma escolha que fala sobre identidade, autoestima e liberdade. Em um país que por muito tempo tentou enquadrar o cabelo crespo em padrões distantes da realidade, mudar também é empoderamento, resistência e afirmação.

O cabelo é uma ferramenta de expressão e criatividade — muda conforme as fases, o humor e o momento de quem o usa. Ele conecta ancestralidade e contemporaneidade, traz marcas de pertencimento e reflete uma história coletiva que ainda enfrenta estereótipos. Em cada escolha, seja deixar natural, trançar, alisar ou colorir, há um gesto de coragem e criação.

Essa força se reflete nas irmãs Suzete, Kátia e Simone, que formam o Fat Family. Juntas, elas já mudaram o visual mais de 30 vezes em 2025, acompanhando as fases que vivem dentro e fora dos palcos. Reconhecido pelo talento vocal e pela presença marcante, o trio se tornou símbolo dessa liberdade estética, em que o cabelo é parte da expressão e da narrativa de quem o carrega.

Essa pluralidade também se reflete nos dados. Um levantamento nacional realizado em 2024 pelo Cultura Preta revelou que oito em cada dez mulheres negras consideram o cabelo uma ferramenta essencial de expressão. O dado reforça o que já é visível nas ruas, nas redes e nas passarelas: o cabelo é linguagem.

“Antigamente o acesso a produtos, tratamentos e salões especializados em cabelos crespos era mais difícil. Diante disso, a gente aprendeu a se virar com o que tinha em casa, do jeito que podia”, relembra Suzete Cipriano.

A fala de Suzete remete a um período em que o mercado da beleza ainda não olhava para os diferentes tipos de cabelo. Durante muito tempo, faltaram profissionais e espaços preparados para atender mulheres negras. Hoje, esse cenário vem mudando, com salões e marcas especializadas que ampliam o cuidado e a representatividade. “Sempre fomos mulheres criativas, práticas e ousadas, e usamos essas qualidades para investir nas mudanças de visual: tranças, laces, lenços, turbantes. Isso se chama liberdade. Na dificuldade, destacamos as nossas qualidades”, completa.

Do palco ao cotidiano, o que se vê é continuidade. O cabelo segue sendo território de criação, resistência e presença — um espaço onde cada mulher negra escreve, fio por fio, a própria história.

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