Joel Zito Araújo é homenageado em mostra, que reúne seus primeiros filmes

por | julho 13, 2021

Um dos principais responsáveis pela emergência do que veio a ser chamado de cinema negro no Brasil e com filmes exibidos e premiados em diversos festivais pelo mundo será homenageado, com a “Mostra Joel Zito Araújo – Uma década em vídeo”, que exibirá nove dos seus filmes realizados entre os anos de 1987 e 1997. A programação ficará disponível de 22 de julho a 1º de agosto no site mostrajoelzitoaraujo.com.br, criado especialmente para o projeto, e será retransmitida paralelamente pela TV dos Trabalhadores (TVT).

“A proposta desta mostra, que traz os meus primeiros dez anos de realizador cinematográfico, foi uma surpresa para mim. Eu revisito com regularidade os meus longas para cinema, realizados a partir de 2000, mas meus curtas e médias estavam esquecidos. Mais do que abandonados em um canto da memória e até fisicamente também abandonados, eles estavam literalmente esquecidos, tanto que me surpreendi ao revê-los agora. Redescobri personagens que entrevistei, histórias que desenvolvi, parcerias que fiz, pessoas com quem trabalhei, as minhas escolhas e experiências narrativas e os desafios que vivi neste período, que foi de intensa formação. O cinema que faço hoje já é muito mais amadurecido, mas é, seguramente, uma evolução do que fiz nesta época. Por outro lado, revê-los é também ver o que estava se passando com a juventude do cinema, ligada aos movimentos sociais e à luta pela redemocratização do país e dos seus meios de comunicação. Porque todos estes curtas e médias foram frutos de um compromisso e parcerias com os movimentos sociais, especialmente, os movimentos negros”, explica Joel Zito Araújo.

O filme “São Paulo abraça Mandela”, de 1991, é um dos que será exibido na mostra online

O início da carreira do cineasta mineiro, entre as décadas de 1980 e 1990, compreende a produção no formato de vídeo e sua contribuição ao vídeo popular. Ainda pouco conhecido, esse conjunto de filmes fundamentais para a memória do cinema brasileiro é o foco do projeto. São trabalhos raros e de difícil acesso, como “São Paulo abraça Mandela”, de 1991, que retrata o encontro do líder sul-africano com os movimentos negros paulistas, e “A exceção e a regra”,1997, que documenta a primeira vitória jurídica na história do país de um caso de demissão por racismo.

Dos filmes, se desdobram outras ações, como a abertura da mostra com a psicóloga e ativista Cida Bento, amiga e colaboradora frequente de Joel Zito, e a Masterclass de encerramento com o homenageado, que garantirá certificado a quem participar. Na ocasião, o realizador abordará as singularidades da realização em vídeo, as circunstâncias históricas de sua prática e a relação com organizações civis no período da redemocratização, traçando paralelos com seus filmes atuais.

“São filmes fundamentais porque, ao se engajarem junto a movimentos sociais, nos ensinam não só sobre as lutas, mas também sobre como lutar através das imagens”, destaca Vinícius Andrade, um dos idealizadores da mostra ao lado de Álvaro Andrade.

Os filmes ficarão disponíveis por 10 dias no site. Junto a eles, será lançado um catálogo, em formato de e-book. O material será composto por uma entrevista com Joel Zito, diálogos com parceiros de trabalho, como o advogado Hédio Silva Júnior e o diretor de fotografia Luiz Miyasaka, além de reflexões transversais sobre as obras, documentos e referências bibliográficas, visando ampliar o conhecimento sobre a cinematografia abordada, fichas técnicas e fotografias de cada filme.

Serão transmitidos em tempo real ainda três debates com autores e autoras dos textos do catálogo, como Bernardo Oliveira, Dácia Ibiapina, Débora Olimpio, Edileuza Souza, Ewerton Belico, Fabio Rodrigues, João Carlos Nogueira, Nicole Batista, Paulo Galo e Vladimir Seixas. As conversas serão mediadas pelo crítico de cinema Juliano Gomes, editor dos textos. E, completando a grade de atividades, a mostra exibirá ainda dois programas bônus: O primeiro gira em torno do material bruto do filme “A exceção e a regra”, e o segundo é composto por três programas da série “Vídeo Popular – 30 anos depois”, exibido pela TV dos Trabalhadores (TVT) em 2015 e que teve Joel como apresentador. Além da parceria com a TVT, a mostra teve o apoio da TV PUC de São Paulo, responsável pela preservação do acervo da Associação Brasileira de Vídeo Popular (ABVP).

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