Com o objetivo de tornar a comunicação brasileira multirracial e multicultural, ou seja, mais próxima de sua população, a Rede de Jornalistas pela Diversidade na Comunicação, em parceria com o Instituto de Gestão e Desenvolvimento de Recursos Humanos (IGDRH), colocou no ar o syngroup.com.br/Estagios, um portal de empregabilidade gratuito para que profissionais negros de comunicação possam ser localizados por empresas comprometidas com a pauta e que as empresas compreendam a importância de um setor de comunicação plural.
Além disso, ainda em parceria com o IGDRH, a Rede de Jornalistas, que reúne quase 150 profissionais de todo o Brasil, elaborou uma mentoria profissional gratuita que fortalece a preparação e o empoderamento para disputar vagas no mercado de trabalho atual.
As ações visam driblar barreiras recorrentes que os profissionais encontram no dia a dia, como a falta de negros no jornalismo, de incentivo à capacitação e desenvolvimento profissional e de acesso às vagas. Dados do Reuters Institute for the Study of Journalism mostram que apenas 15% de 80 editores que dirigem veículos de prestígio em cinco países do mundo são não-brancas. No Brasil, segundo o estudo, a disparidade é expressiva. Enquanto cerca de 57% da população brasileira se declara como pessoas pretas e pardas, nenhum negro lidera os maiores jornais, portais e emissoras.
“Já era algo perceptível dentro dos veículos de comunicação a falta de pluralidade. Ao longo da minha trajetória profissional pude perceber a falta de profissionais de outras etnias nas redações. Agora durante a pandemia, esses jornalistas sofrem um impacto maior. As empresas precisam entender que boa parte da cultura do cancelamento atual se deve a uma visão enviesada dentro dos setores de comunicação e o silenciamento de narrativas distintas”, destaca Marcelle Chagas, coordenadora da Rede de Jornalistas.
A equipe do projeto também está envolvida na elaboração da reedição da pesquisa “Jornalismo brasileiro: Gênero e cor/raça dos colunistas dos principais jornais do país”, ao lado do Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa (GEEMA/UERJ).
A Rede de Jornalistas é a única representante do Brasil na Panafrican Caucus of Journalists, iniciativa do Estado da Diáspora Africana que reúne projetos jornalísticos do mundo todo que estão envolvidos em promover a diversidade, os valores panafricanos e garantir que vozes da diáspora possam ser ouvidas. Dessa coalizão, surgiu a série de entrevistas que são realizadas pela equipe de jornalistas sobre como é o cenário atual da comunicação para jornalistas negros em outros países, com profissionais do Marrocos, Burundi, França e Camarões, entre outros. E o evento internacional “Os novos caminhos da comunicação produzida pela diáspora africana no Brasil e no mundo” (“The new paths of communication produced by the African diaspora in Brazil and in the world”), que será online e está programado para o mês de novembro.
O objetivo de unir a comunidade jornalística negra surgiu em 2018, por meio de um grupo de aplicativo de mensagens para a troca de pautas com o viés étnico-racial, fontes negras para matérias e ajuda mútua. A página virtual da entidade é redejppcomunicacao.org.
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