‘Liberté, peça de roteirista de ‘Medida Provisória’, entra em cartaz no Rio de Janeiro

por | maio 11, 2022

A liberdade é diferente para cada pessoa. Isso fica explícito no texto de Elísio Lopes Jr da peça “Liberté”, que ficará em cartaz durante duas semanas: de 12 a 15 de maio, no Teatro Armando Gonzaga, em Marechal Hermes, e de 19 a 22 também deste mês no Teatro Glaucio Gill, em Copacabana, com ingressos a preços populares. A montagem conta com Bruno de Sousa e Jussara Mathias no elenco, e direção de Shirlene Paixão e Fernando Philbert.

“Como falar de liberdade se estamos presos? A luta pela libertação real é urgente porque ela está por trás da fome, do pouco acesso a oportunidades. Ela mata um jovem negro a cada 23 minutos no Brasil. E estamos passando por cima desses cadáveres”, reflete o autor Elísio Lopes Jr, também corroteirista do filme “Medida Provisória”, estreia de Lázaro Ramos na direção.

Selecionado no edital Montagem Teatral da Funarj, o espetáculo apresenta o embate entre Chinga e um funcionário público, munido de seus conceitos, leis e verdades brancas. A protagonista subverte as lógicas sociais e conduz o duelo ao limite, escondendo nisso o seu amor maior, um amor que motiva sua vida. É um encontro entre dois extremos da sociedade trazendo ao debate temas como medo, abuso de poder, luta, aceitação e preconceito.

“Entre tempos, o atemporal nos questiona sobre o que significa a liberdade. Os livres dentro de suas prisões pessoais aprisionam aqueles que lutam pela liberdade que lhes devolve a  humanidade. Um diálogo do século passado, presente nos dias atuais, um alerta para que no futuro essa discussão não seja mais necessária. Utopia? Talvez… mas ainda assim,  que tenhamos força, resiliência e liberdade para seguirmos utópicos, criando narrativas que nos alertem sobre as armadilhas do passado e projetem possibilidades para um novo futuro”, ressalta Shirlene Paixão, que assina a direção do espetáculo ao lado de Fernando Philbert.

“Liberté” não apresenta uma resposta pronta e fácil, mas instiga o público a investigar temas cruciais para a compreensão da sociedade brasileira e como se chegou a um país tão desigual. A peça estimula a reflexão e o debate de temas fundamentais para o conhecimento de nossas origens e o entendimento de nossos comportamentos.

Fica nítido que é preciso contar a história sob outros pontos de vista, sobretudo os pontos de vista daqueles que tiveram sempre suas narrativas apagadas. Por isso, são tão importantes as histórias contadas, encenadas, interpretadas, dirigidas por artistas negros. “A minha escrita tem sido pautada pela necessidade de registrar a minha existência como escritor, com todas as minhas características: nordestino, negro, pai, tudo que eu carrego como memória. ‘Liberté’ tem muito de mim, dos meus incômodos, da necessidade de olhar a história do meu país, mas enxergá-la de verdade, com olhos negros. A escrita preta é uma necessidade”, exalta Elísio.

Em pleno 2022, ou até pode-se dizer, depois de tudo que a humanidade passou em 2020, como se discutir a liberdade? Para além do direito de ir e vir, quais são as questões que a liberdade versa. Uma liberdade que aponta o genocídio, que aponta a pobreza. O que nos conta essa liberdade? Esta é a premissa de “Liberté”, uma discussão provocadora que aborda um dos tantos momentos nebulosos e simbólicos da história brasileira: os dias posteriores à libertação dos homens e mulheres escravizados. Paradoxalmente, mais de um século após assinada a Lei Áurea, o país ainda vive sob uma nuvem de ódio e racismo em suas estruturas sociais e humanas.

“O texto de Elísio Lopes faz pensar sobre o que é a liberdade que temos e queremos ou pensamos ter e querer. Uma peça de teatro é uma arte coletiva onde nossas liberdades se encontram no destino de como contar uma história. Nesta minha felicidade vem desta liberdade de estar junto de Shirlene Paixão, uma diretora que amplia e aprofunda conceitos e sentidos. São dias de aprendizado estes ao lado dela. A liberdade com o elenco, equipe de criação, produção e a liberdade que o público traz ao teatro. Desejo que a gente siga no encontro e na descoberta da nossa liberdade”, conclui Fernando Philbert.

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