Nathan Green ou Nearis Green foi um escravizado negro de uma destilaria localizada em Lynchburg, uma pequena cidade no Tennessee. A cidade se notabilizou por ser a sede da Jack Daniels. É muito provável que você tenha ouvido falar de Daniels, mas não de Green. Há 150 anos, este rapaz negro ensinou Jack os segredos de um bom uísque, que posteriormente conquistou o mundo, mas pouco crédito foi dado a Nearis.

O local de destilagem, pertencente ao Reverendo Dan Call, acabou sendo motivo para que parte dos créditos fosse dado ao senhor de escravos e não à força criativa por trás da ideia. Nearis ensinou tudo a Jack Daniels quando este ainda era um garoto. Os detalhes de como fazer um bom destilado foram bem apreendidos pelo futuro dono de uma das marcas mais conhecidas do mundo. Anos após, a história foi apagada, sendo reconhecida pela marca apenas em 2017, quando estava perto de completar 150 anos e foi “obrigada” a contar um pouco de suas origens para um novo público.

Acontece que anos de apagamento não se corrigem com algumas citações. Pouca gente conhece a história de Nearis Green. O whisky norte-americano mais famoso nasceu das ideias e mãos de um preto, contrariando o imaginário criado do branco descolado descendente de europeus criando bebidas magicamente.

Fawn Weaver

A história de Nearis Green ainda é uma incógnita, como é a de muitos escravizados, mas em 2016, a escritora e pesquisadora Fawn Weaver desvendou algumas camadas desse mistério ao viajar para Lynchburg  e tentar jogar luz a essa história fascinante. Em 2017, Weaver fundou a Uncle Nearest Premium Whiskey, que se tornaria a marca de uísque com maior crescimento na história dos EUA e a mais premiada do país por quatro anos consecutivos: 2019, 2020, 2021 e 2022. “Tio Nearest foi um verdadeiro pioneiro. Eu quero garantir que seu legado continue vivo”, disse à agência Bloomberg.

Victoria Eady Butler, tataraneta de Green, trabalha como profissional responsável por criar misturas (master blender).