O pagode brasileiro passou nos últimos anos por uma reabilitação na avaliação de sua qualidade. Amado por milhões de fãs, mas criticado por outros pela origem periférica e por ser responsável por ascender socialmente meninos negros, o gênero ganhou aura cult com páginas dedicadas aos seus ídolos e até reverência de grupos indies, como foi o caso do Raça Negra na coletânea Jeito Felindie.
Capaz de despertar a nostalgia em quem viveu a explosão do estilo nos anos 90, o pagode, se ouvido com atenção e coração aberto, é capaz de ganhar novos fãs com sua mistura de samba, soul music e romantismo exacerbado.
Confira abaixo alguns clássicos capazes de derreter corações mais que as ondas de calor provocadas pelo aquecimento global:
Absoluta – Negritude Junior
Uma daquelas faixas que provam que o pagode é o soul brasileiro. A interpretação chorosa de Netinho de Paula dizendo “Não faz assim/ Que o teu chamego/ tem o cheiro e o tempero pro meu paladar” é de dobrar qualquer orgulho.
Temporal – Art Popular
Muita gente fala que “Evidências” é o segundo hino do Brasil. Pois se as pessoas conhecessem Marcio Art cantando “É, até parece que o amor não deu/ Até parece que não soube amar”, teríamos o verdadeiro hino do coração brasileiro despedaçado.
Mina de Fé – Os Morenos
Antes de inventarem o termo “nego doce”, já tinha muito nego doce chorando por ter brincado demais com a preta e perdido o amor.” Foi preciso perder/ Pra aprender a valorizar/ A mina de fé, a mina de fé”. Pois é!
Será – Só Pra Contrariar (SPC)
Um pagode daqueles bem melódicos, Alexandre Pires no melhor da voz e os versos “Eu me feri, me machuquei, jurei /Não mais me dar, como eu me dei/ Mas não sou capaz de controlar/ Meu próprio coração e outra paixão/ Eu vou procurar/ Pois a esperança voltou a me dominar”. Foda.
Bala, Bombom e Chocolate
Muita gente lembra do grupo pela música ‘Caixa Postal’, mas a obra-prima do grupo é essa canção que é para ser ouvida com uma xícara de café esfriando na mão em uma manhã nublada (Hoje eu acordei/ E ouvi nossa canção sozinho). Fora o rap no meio, né? Procura-se amizades sinceras para fazer a coreografia.
Coral de Anjos – Sensação
Uma música que consola qualquer coração dolorido, né? A gente derrama aquela lágrima marota e até fica mais leve. “E os angelicais tamborins/ Trilhavam de estrelas pra mim caminhos de felicidade”. Mesmo quem não curte mensagens religiosas se sente abraçado por esta canção
A Lua e Eu – Pixote
Um bando de moleques pegou um clássico de Cassiano e emprestou uma emoção impressionantemente madura. Há quem ache que supera a versão original. “Quando olho no espelho/ Estou ficando velho e acabado/ Procuro encontrar/ Não sei onde está você”. E dói.
Louca Paixão – Exaltasamba
Nenhuma lista dessa tem credibilidade sem ao menos uma faixa do Exaltasamba. Agora, me digam, não dá vontade de emoldurar o verso “Nem a lua, nem o sol acendem o coração” e colocar na parede?
Mundo de Oz – Soweto
OK, muita gente pode protestar e dizer que ‘Farol das Estrelas’ pega mais no coração, mas nosso argumento é a nostalgia forte que a melodia casada aos versos “Te vejo nas vitrines da cidade em outdoor/ Meu mundo de Oz/ Ainda trago a marca de batom/ No rádio a canção de Marley” causa em qualquer ser humano com coração.
Volta pra Ela – Eliana de Lima e Luiz Carlos
Rapaz, imagine a pessoa falar para a outra: “ Volta pra ela!” – e recebe como resposta “Isso é tudo que eu sempre quis”. E ainda tem a mistura de dor com coragem em “Volta pra ela/ Mas não vai se arrepender, eu te amo!”. Dói só de escrever.
Jeito Felino – Raça Negra
Luiz Carlos foi a voz de muito coração oprimido nos anos 90. Difícil escolher uma, mas o critério foi: você foi traído, esculachado, mas continua insistindo porque está numa dependência emocional danada. “Mesmo doendo no peito/ Te quero comigo/ O teu jeito felino/ Machuca e dá prazer”. Eita!!
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