“A comédia preta é uma revolução”: Jhordan Matheus fala sobre novo programa no Comedy Central e importância dos humoristas pretos

por | julho 4, 2023

Chegou no Comedy Central e no Paramount+ a nova série nacional de humor: DO QUE RIEM?, apresentada por Maurício Meirelles e que traz  Jhordan Matheus e Babu Carreira em uma competição de comédia stand-up que tem como objetivo arrancar mais gargalhadas de plateias formadas inteiramente por grupos específicos, como: médicos, vovós, marombas, cabeleireiras, sertanejos, seguranças e garçons. 

Retocando seus tradicionais dreadlocks, Jhordan Matheus bateu um papo conosco sobre sua participação no Do que Riem? e a importância da presença de comediantes pretos no Brasil. Sobre os grupos escolhidos como público alvo para as piadas do programa , Jhordan precisou desfazer algumas imagens preconcebidas diante de alguns estereótipos (muitas vezes confirmados) sobre os grupos formados para a competição. “Meu irmão foram vários temas e eu tinha uma ideia formada na cabeça e foi muito mudada, por exemplo com os sertanejos. Sou um homem negro, rastafari maloca, inserido no ambiente que na prática é meio que o oposto, né?”, conta o humorista.

Comedy Central/ Do Que Riem?

Para o comediante, o maior desafios no programa foi contar suas piadas de tom sarcástico com pitadas generosas de críticas sociais para uma plateia sisuda formada por médicos. Segundo Jhordan, apesar das dicas do coach (técnico que ajuda a entender o público alvo do programa), mas assistindo ao programa, dá para ver que o baiano de 28 anos tirou de letra o desafio.

Irmão, vou dizer para você toda vez que a gente colocar a nossa piada, com a nossa bagagem, para quem bateu, sempre vai levar isso de forma negativa, tá ligado? Você consegue ver o desconforto, embora o programa não tenha essa ideia de bater nesses assuntos de forma mais incisiva

Mantendo sua linha de não podar as piadas de seus humoristas, o Comedy Central deixou a acidez de Jhordan Matheus correr solta e ele soube dosar os temas abordados. “Às vezes eles esperam que a gente entre só para falar de racismo e dor, só que a gente também sabe falar de várias outras coisas, né? Acho que isso foi muito bom, ter o nosso momento de piada preta, mas falando sobre o que a gente quisesse também”, conta.

“O Yuri (Marçal) já está no segundo especial e eu gravei uma especial este ano. Tem João Pimenta, entre outros. Então a gente já passou da hora de dar mais visibilidade ainda para a comédia preta porque a comédia preta é uma revolução”, desabafa Jhordan Matheus. Usando exemplo do status que humoristas pretos têm nos Estados Unidos como exemplo, o ator aponta que quando tem projeto de comédia no Brasil  “há quatro humoristas pretos e 60 comediantes brancos”. Para o comediante, a divisão seria deixar meio a meio e não pingar profissionais pretos para cumprir a meta de falsa inclusão. 

Como muitos negros, o talento de Matheus se junta ao trabalho duro e as influências vindas das experiências reais. Alguns escritores negros chamam isso de “escrevivência”. O profissional inspira suas piadas em pessoas e situações comuns de sua vida. “Eu penso em alguém da minha quebrada, em coisas que eu passei, que me contaram. Quando eu falo de segurança, me espelho no meu pai , quando eu falo de médico, me inspiro em algum amigo que estuda medicina, sem contar minha avó que é uma grande inspiração geral para mim”, revela. 

O humorista em ação

Meu irmão eu acho que toda vez que a gente fala muito sério com algumas pessoas elas têm dificuldade de aprender algo.  Acho que através do humor as pessoas acabam sacando algumas coisas, né? Eu acho que quando você está rindo, você está mais aberto a tudo, né?

“A comédia preta nesse país é uma comédia que ensina Se você pegar os comediantes desse país, eles usam a comédia para ensinar, enquanto os comediantes brancos estão dizendo que a gente não é comediante e sim militante. Mas a gente veio para fazer zoada. Viemos para mudar o que tá acontecendo de errado”, conclui Jhordan Matheus.

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