O segundo dia do Coquetel Molotov Negócios também foi repleto de momentos culturais importantes. Como falamos no texto de ontem, a diversidade na seleção de artistas é dos pontos mais marcantes do evento e isso pode ser visto a todo instante.
O dia começou com 20 artistas apresentando seus pitchings para produtores, imprensa e convidados presentes. Cada pessoa falou por 5 minutos sobre seus projetos, exibindo vídeos de apresentações ou até mesmo dando uma palhinha ao vivo para quem estava presente. Alguns dos cantores, bandas e DJs presentes já se apresentaram nesta e em outras edições do evento, o que só mostra a importância do Coquetel Molotov ao retroalimentar a cultura regional. Nomes como Luana Flores (Nordeste Futurista), Jader e Gilmar Bola 8 tiveram seus momentos de apresentação nos pitchings.
Na parte da tarde, a primeira mesa contou com o escritor, apresentador e palestrante André Carvalhal falou sobre “Como Não Pirar na Internet”, destacando a responsabilidade na criação de conteúdo e compartilhamento nas redes sociais.

Foto: Caique Rudá
A oficina do dia ficou por conta de Libra Lima , que além de participar dos pitchings, também deu uma aula de Direção Criativa para DJs, explicando a parte teórica e prática de seu trabalho, incluindo curiosos, iniciantes e profissionais, que tiveram a oportunidade de usar suas técnicas no CDJ ao lado da artista.
A ancestralidade cultural popular de Pernambuco foi bastante celebrada nesse segundo dia. Mãe Beth de Oxum, Didi (Pagode do Didi) e a jornalista Michelle Assumpção bateram um profundo papo sobre o assunto na mesa “Patrimônios Vivos: Fazeres de tradição e ancestralidade”, que emocionou as pessoas presentes.
No palco aberto, para encerrar as mesas do dia, as cantoras Mel e Bixarte (que também apresentam seu show no festival de sábado) falaram sobre a ocupação dos lugares por pessoas trans na mesa “Traviacardo: A revolução afrotranscendente na música contemporânea”. Em meio a profundos relatos pessoais e interações com a plateia, as duas artistas ressaltaram que já passou da hora das travestis pararem de falar de suas dores e serem respeitadas por seus trabalhos artísticos, destacando também como homens trans ainda são pouco apresentados em eventos culturais pelo Brasil.

Mel e Bixarte (Foto: Caique Rudá)
Em seu início, o Coquetel Molotov voltava parte da atenção para artistas alternativos e com uma pegada indie, chegando a trazer artistas internacionais em parceria com países como Suécia e França. Com o passar do tempo e chegando em sua 20ª edição, especialmente com o evento Coquetel Molotov Negócios acontecendo em conjunto, o festival começou a destacar a cultura periférica e de grupos minorizados em sua curadoria. Essa diversidade se refletiu bastante nos shows da segunda noite do evento.
Shows
O primeiro show da noite foi da poderosa Isis Broken, a Bruxa Cangaceira, travesti sergipana que mistura sons de pop eletrônico e trap, trazendo em suas letras elementos da vivência de uma pessoa trans no sertão. Fãs presentes sabiam as letras do começo ao fim e a cantora enfeitiçou a plateia em uma apresentação que contou com música novo e hipnotizou a galera até o fim!

Isis Broken no palco (Foto: Caique Rudá)
Em seguida, a cantora pernambucana Bella Kahun botou o público pra dançar com uma espécie de forró contemporâneo misturado com R&B, MPB, brega e muita regionalidade em um show quente, com muita troca de carinho sincero com quem estava presente assistindo.
Para encerrar a noite, a tradicional festa Quinta Nagô se uniu ao Coquetel Molotov para shows grandiosos. Além da apresentação do DJ Iury Andrew, a noite foi uma celebração da grande cultura regional dos Afoxés.
O Afoxé Ogum Toberinã iniciou a bonita festa, chamando artistas do meio do público, pessoas que fizeram parte da história dos artistas presentes, com todo mundo cantando junto em um palco lotado.

Bella Kahun (Foto: Caique Rudá)
Gabriela Sampaio trouxe seu show “Toadas para as Mestras”, que fez o público se emocionar bastante. A apresentação trouxe ao palco mulheres que fazem parte da histórica do movimento da região, como Cila do Coco, que mostrou sua energia inacabável perto dos 90 anos de idade, e Mãe Beth de Oxum, entre muitas outras representantes do ritmo tradicional e regional. Ela ainda finalizou a programação com a participação do Mestre Galo Preto.
Para encerrar o dia, o Afoxé Omi Sabá encheu o palco de cores, com uma grande banda e muita dança, fazendo o Pátio de São Pedro ficar agitado até depois das 23h30 no meio de uma animação que parecia inesgotável e de reverência à cultura regional.
O Coquetel Molotov Negócios acontece até hoje, dia 20, no Pátio de São Pedro, em Recife. No sábado, 21, o Festival Coquetel Molotov sacode as estruturas da UFPE, contando com nomes como Luedji Luna, Tuyo, FBC e Àttooxxá.
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