No ano em que completa quatro décadas de atividades, a Cia Fanfarra Carioca apresenta o espetáculo musical infanto-juvenil Os Griôs, no teatro Glaucio Gil, entre os dias 9 e 31 de agosto, aos sábados e domingos, sempre às 16 horas.
Contemplado no edital Fluxo Fluminense, da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado do Rio de Janeiro, o espetáculo dá continuidade à pesquisa para uma dramaturgia decolonial, iniciada em 2013 pela diretora e dramaturga Loly Nunes, também diretora da Cia. Fanfarra Carioca. A pesquisa visa ampliar a inclusão, o protagonismo de artistas negros e a construir uma educação antirracista baseada na pluralidade. “É um encantador encontro com a alma popular afro-fluminense”, afirma a diretora.
Na montagem, os artistas cantam e contam histórias sobre os Impérios Africanos, a origem dos Griôs e sobre a força das tradições orais, com 80% das músicas autorais, como: Ciranda dos Griôs da Alegria de Loly Nunes e Henrique Silva, Anansi – o Homem Aranha; O Império do Mali; Tia Ciata e Dom Obá com letras de Loly Nunes e música de Célio Maia e tantas outras.
O enredo ressalta ainda a rica contribuição dos africanos para a construção da cultura brasileira, bem como o surgimento da capoeira, do samba e do carnaval. O espetáculo inicia nos antigos Impérios da África Ocidental, na região do Sahel e termina na Pequena África, situada na extinta Praça Onze no Rio de Janeiro.
As histórias trazem personagens reais da nossa história, mas que raramente são mencionados nos livros de história. É este o caso de Dom Obá II, que disse ser herdeiro de um reino na África. Seu pai Bemvindo da Fonseca Galvão, era filho do Rei Alafin Abiodun Atiba do Império de Oyo. Essas histórias são interligadas, levando o público a perceber que uma história está conectada com a outra.
“A origem dos Griôs nos leva aos Impérios Africanos, que nos levam a Dom Obá II, a origem da capoeira, a Pequena África, a Tia Ciata, ao samba e tudo acaba em carnaval com a marchinha carnavalesca ‘ Ô Abre Alas!”, explica Loly Nunes.
As histórias contadas e cantadas no musical são Os Contos De Ananse – o Homem Aranha – que fala sobre a origem dos Griôs; e O Épico de Sundiata Keita e o Império Do Mali, que tendo nascido com um problema físico que o impedia de andar, Sundiata Keita superou a sua deficiência para unificar os reinos fragmentados da região e criou o imenso Império do Mali.
Acessibilidade e formação de plateia
O projeto Os Griôs, pensando em diversificar e abranger seu público, realizará uma apresentação no próprio teatro para pessoas com deficiências auditivas com uma intérprete de libras e, ainda na 1ª semana de agosto, haverá um bate papo dia 10 de agosto com Sidney Mattos, que é músico, arranjador e compositor e pessoa com deficiência, para falar sobre acessibilidade.
Ainda dentro do propósito de levar acessibilidade a locais diversos, o projeto realiza mais duas apresentações em quilombos, sendo uma no Quilombo da Marambaia, em Mangaratiba, e outra no Quilombo Ferreira Diniz, no Rio de Janeiro.
“Nosso objetivo é levar o projeto para um maior número de pessoas e, principalmente, para essas pessoas que exigem uma atenção diferenciada dos produtores de cultura”, pontua Loly Nunes.
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