Contemplado pelo Prêmio Funarj de Dança, ‘O tambor dos pés’ tem estreia no Rio

por | maio 11, 2022

Com a proposta de popularizar e democratizar a prática do tap dance no Brasil e unir forças no combate ao apagamento das culturas afrodiaspóricas, o espetáculo “O tambor dos pés” realiza através do Prêmio Funarj de Dança 2021 sua estreia no próximo sábado, dia 14, às 18h, no Teatro João Caetano. A peça tem como objetivo abordar o sapateado através do contexto vivido por africanos escravizados nos Estados Unidos na Revolução de Stono, em 1739, um levante que resultou na Lei do Negro da Carolina do Sul (1740), e que potencializou esta dança em seu significado principal, a comunicação.

O espetáculo tem a direção assinada por Rozan e Valéria Monã, mestra em dança afro que, juntos à professora de sapateado Flávia Costa, assinam as coreografias. A história conta com uma dramaturgia, de Rozan e Gelton Quadros, que apresenta a resistência de danças populares brasileiras como o jongo, o samba e a dança afro, que, assim como o sapateado, passaram por processos de branqueamento e criminalização.

Tendo como enfoque a Revolução de Stono e a punição aos corpos negros através da Lei do Negro da Carolina do Sul, a montagem aborda a medida institucional que proibia os escravizados de receberem salário, formarem coletivos, aprenderem a ler e a tocar os seus tambores falantes, já que a prática se tratava de um complexo sistema de comunicação através do som.

Porém, após essa proibição, a resistência negra passou a ser representada com maior ênfase através de danças como o Ring Shout, o Hambone, entre outras manifestações que priorizavam a utilização dos corpos, da voz e, principalmente dos pés, por meio de uma sonoridade que o homem branco não entendia, como uma “música corporal” expressada pelo toque do “tambor dos pés”.

Com a intenção de desvendar a proximidade dos contextos afro-americano e afro-brasileiro na prática do tap dance, a estética do espetáculo é amparada pela cultura popular e pelo afrofuturismo, e busca trazer ao palco os signos em comum destas duas culturas, que possibilitem ao espectador uma experiência visual e sensorial dos caminhos da afrodiáspora.

A cargo das duas coreógrafas e de um elenco que irá misturar dançarinos de tap dance com dançarinos de danças populares, o espetáculo nos dá a possibilidade de mergulhar no vasto mundo da poesia das danças, através de uma proposta que aproxima a musicalidade dessas duas etnias: Jongo, Samba, Jazz e Negro Spirituals. Afinal, como o jazz fundamentou todas as bases rítmicas do tap dance, a forte relação deste ritmo com o cidadão afro-americano é semelhante ao contexto rítmico e sociológico do samba no Brasil.

Com a linguagem do tap dance misturada às danças populares brasileiras, este espetáculo quer trazer à cena a possibilidade de compreendermos as manifestações afro diaspóricas em sua diversidade e semelhanças. Ao entendermos todas elas em suas matrizes africanas, iremos explorar a construção de um espetáculo onde essas danças se unifiquem em uma única expressão.

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