Crítica: “A Morte do Demônio – A Ascensão” é um terror brutal e extremamente divertido

por | abril 20, 2023

É impressionante como a franquia “Evil Dead” (“A Morte do Demônio”) conseguiu se manter regularmente boa em todas as suas cinco produções. Se tratando de sequências de filmes de terror, talvez somente “Pânico” tenha regularidade similar. Este novo capítulo ganha produção de Sam Raimi e Bruce Campbell, diretor e protagonista da trilogia original.

Chegando hoje aos cinemas brasileiros, “ A Morte do Demônio – A Ascensão”, dirigido por Lee Cronin, inicia com uma abertura belíssima em termos de fotografia, em uma espécie de curta-metragem dentro do longa, já uma das características da franquia.

Na trama, Beth (Lilly Sullivan) fica presa em um antigo apartamento em Los Angeles enquanto precisa sobreviver e manter seus sobrinhos vivos quando sua irmã, Elllie, vivida por Alyssa Sutherland, é possuída por um antigo demônio após a leitura do Livro dos Mortos feita por um de seus filhos. O inferno começa em família e para quem gosta de conferir significados mais profundos à filmes de terror, pode-se dizer que “ A Morte do Demônio – A Ascensão” fala sobre como a destruição começa de dentro para fora, no próprio lar.

A Morte do Demônio – A Ascensão - Cinema | Agenda Sorocaba

Para quem já é familiarizado e gosta da mitologia de ‘Evil Dead’, vai sair com um sorriso enorme no rosto. Com exceção do humor carregado na série e nos primeiros filmes, aqui temos banhos de sangue, entidades demoníacas que esfacelam suas vítimas sem nenhum tipo de piedade. Claro, que o impacto dessas mortes e em qualquer filme de terror não pode se sustentar apenas no grafismo das cenas brutais, mas no fato do público se importar com os personagens em cena e, neste aspecto, o diretor consegue acertar ao nos apresentar de forma breve, mas eficiente à família, deixando bem delineadas as personalidades de cada integrante daquela família, inclusive, subvertendo expectativas ao nos conduzir para o terreno da previsão certeira sobre a ordem de algumas mortes e quebrando de forma satisfatória o que esperávamos.

Lee Cronin consegue a proeza de tornar crível que um apartamento no meio de uma grande cidade pareça tão isolado e assustador quanto a clássica cabana no meio da floresta. Prédio sendo abandonado, falha de estruturas como o elevador, andares vazios e chuva forte impedindo que transeuntes ouçam pedidos de socorro fazem parte da receita desse universo opressor com uma constante aura sinistra que vai piorando a cada segundo em um derramar de sangue incessante e bem-vindo. Há ainda alguns acenos à trilogia original que o fã vai gostar de pegar.

Todos os atores estão bem e mostram entrega em “A Morte do Demônio – A Ascensão”. Os irmãos Kassie, Bridget e Danny ( interpretados por Nell Fisher, Morgan Davies e Gabrielle Echols)  saem do clichê de relação fraternal problemática para mostrar um senso de cooperação que serve como gatilho de temor sobre o bem-estar físico dos personagens.

A direção não esconde absolutamente nada. Ainda que se passe dentro de um cenário que sofra com falta de luz, todas as cenas são inteligíveis e a produção não exita em chocar com uma cena mais incômoda que outra, com menção muito merecida para a fisicalidade de Alyssa Sutherland como a mãe possuída. Mesmo debaixo da competente maquiagem (ponto altíssimo do filme) consegue agredir nossos medos íntimos com suas expressões misturando ameaça e ternura maternal

“ A Morte do Demônio – A Ascensão” é um filmaço de terror que usa todos os clichês a favor em uma experiência brutal e extremamente divertida.

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