Adaptações cinematográficas de jogos sempre sofreram com uma espécie de maldição e quando foi anunciado que o famoso jogo de RPG “Dungeons & Dragons” receberia mais uma versão para a tela grande, os fãs não ficaram muito animados, afinal, o filme já tinha recebido sua sina de transposições sofríveis como “Dungeons & Dragons – A Aventura Começa Agora” de 2000 e suas sequências igualmente terríveis de 2005 e 2012.
Felizmente para os fãs e para o público geral, “Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes” consegue um resultado competente e divertido. Um ladrão (Chris Pine) e um bando de aventureiros embarcam em uma jornada épica para recuperar uma relíquia. A premissa simples poderia se perder numa bobagem tediosa, mas os diretores John Francis Daley e Jonathan M. Goldstein assumem o descompromisso e investem mais no humor do que na sensação de perigo da aventura, o que se revela um acerto, uma vez que as piadas e situações engraçadas funcionam na maior parte do tempo.
As motivações da vilã, a feiticeira Sofina, vivida por Daisy Head, são qualquer coisa, existem porque é preciso existir algum tipo de conflito para unir os heróis e seria muito melhor que o único antagonista fosse o charmoso Forge de Hugh Grant. É justamente ao tentar criar uma aura de perigo iminente, o filme mostra seu ponto fraco. Acertadamente o tempo de tela de Head é reduzido para que possamos acompanhar a dinâmica dos protagonistas. Michelle Rodriguez como Holga está claramente se divertindo e que bom que a atriz conseguiu escapar de mais uma personagem brigona e séria que é incapaz de sorrir. Ela funciona como os músculos do grupo, mas de uma forma muito mais leve do que nos acostumamos a ver da atriz.
Justice Smith é o feiticeiro desajeitado Saumar, que precisa se provar, e passa por ele uma das cenas mais engraçadas do filme, mas também é no mini arco de seu personagem que uma injustificada tentativa de interesse amoroso surge, quando a Doric de Sophia Lillis entra na história.
Quem aparece e some de tela de forma repentina é Regé-Jean Page, que como Xenk Yendar, um valoroso e habilidoso guerreiro, serve mais como um guia e facilitador narrativo do que como personagem que fortaleça a trama, mas graças a sua interação com Chris Pine, sua participação não é de toda desperdiçada.
O CGI do filme está bom, embora não seja um dos melhores que você vai conferir. Em alguns momentos a tela verde é gritante, mas justamente pela proposta fantástica e galhofa do filme, não é algo que chega a incomodar. A Marvel tem feito CGIs bem piores.
“Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes” é um grande acerto da Paramount Pictures e redime completamente o jogo de suas antigas adaptações. O riso é garantido e tem uma surpresinha nostálgica para quem acompanhou um certo desenho nos anos 80 e 90.
O filme já está em cartaz nos cinemas.
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