Eliana Alves Cruz participa da Primavera dos Livros, no Museu da República, no Rio

por | outubro 7, 2022

Como as personagens que cria, ela não foge da luta. Eliana Alves Cruz sabe a responsabilidade social que carrega e faz questão de levar o convite à reflexão a mais pessoas. Se posicionando contra o atraso político nas redes sociais, autografando o novo livro como fez nesta semana ou ao participar de uma mesa redonda sobre literatura feminina, como acontece sábado, dia 8, às 18h, na Primavera dos Livros, no Museu da República, no Rio. Com entrada franca, o evento é organizado pela Liga Brasileira das Editoras independentes. Eliana vai falar do recém-lançado “A vestida” (Malê), ao lado de Miriam Alves, autora de “Maréia” e “Juntar pedaços”, da mesma editora.

Eliana, com “a” como gosta de frisar, explica que os 15 contos de “A vestida” que agora chegam às livrarias foram primeiro apresentados com exclusividade ao Clube Lê, voltado para leitores da Malê. Os textos falam de pautas necessárias e atuais como o combate ao racismo, a intolerância, o preconceito e a importância do feminismo diante da violência contra as mulheres.

“Esses temas estão na minha trajetória de mulher negra, que nasceu na segunda metade do século 20 e está vivendo sua vida adulta no século 21, no Brasil. Não há como despir o meu pertencimento quando escrevo. São assuntos que tocam profundamente a minha coletividade. Ou seja, meus filhos estão profundamente mergulhados neles, meus netos estarão. O Brasil passou mais tempo na escravização do que fora dela. E precisará, no meu entender, de mais que o dobro desta quantidade de anos para se livrar das sequelas provocadas pela tragédia que foi o comércio transatlântico de almas”.

Será que um dia, com mudanças na sociedade, não precisará escrever mais sobre esses pontos?

“Não gosto de usar a palavra nunca. Nunca é tempo demais, mas o dado real é que estamos numa distância abissal da pacificação com todas essas questões”, acredita Eliana.

“A vestida” tem 116 páginas e é o terceiro livro que ela publica pela Malê. Foram pela editora que saíram os sucessos de “Crime no Cais do Valongo”, de 2018, e “Água de Barrela”, de 2015.

“Ganhei o prêmio da Fundação Palmares/Ministério da Cultura com o romance ‘Água de barrela’, em 2015, e decidi tentar publicar mais imediatamente para não ficar ‘refém’ daquele primeiro sucesso. Escrevi poemas nos ‘Cadernos negros’, na edição número 39 e dois contos na edição 40, de 2017, que estão em ‘A vestida’: o ‘Oitenta e oito’ e ‘A copa frondosa da árvore’, que foi transformado em livro infantil”.

Para o editor da Malê, Vagner Amaro, o trabalho da escritora carioca representa uma força na cultura brasileira.

“Crítica social, referências à ancestralidade africana, pesquisa, história, ironia, insurgência poética e um cuidado com o enriquecimento humano dos seus personagens marcam a prosa de Eliana Alves Cruz, fazendo dela uma autora essencial em nosso catálogo”, elogia Vagner.

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