Como para a black music abrir espaços é o que dita o ritmo, com o hip hop não seria diferente: come pelas beiradas rimando. No Rio, uma festa nasceu há 14 anos disposta a quebrar barreiras, colocando lado a lado a música eletrônica e o hip hop, em duas pistas prestigiadas. Neste sábado, dia 19, a Festa BASE retorna, após uma pausa, com a já tradicional pista BlackBASE, no Armazém da Utopia, Zona Portuária. Bruno X, DJ RV, Feijão, Kefing, Pauly, Saraiva, Totonete e Yas estão entre os DJs escalados para o evento, que tem como convidado especial o inglês Michael Bibi, na pista Electronic Stage.

Tocando na BlackBASE desde o início da carreira, em 2013, o DJ carioca Bruno X celebra o retorno da festa e o espaço que o evento dedica ao hip hop. Ele se apresenta na noite, celebrando o Dia da Consciência Negra, e destaca a representatividade da data:

“Sou suspeito para falar da BASE porque é uma festa que acompanho há muitos anos e me contratou no início da carreira. Abriu as portas para eu tocar em uma época em que não era conhecido, acreditando no som que fazia. É uma festa que prioriza a música, o DJ e a cultura. O retorno dela é muito importante culturalmente falando. Tocar em uma data tão representativa dá um gás extra. Costumo dizer que tocar é algo espiritual e poder fazer isso em uma ocasião que representa tanta coisa para o povo preto, fazendo uma arte que é voltada para a cultura preta, no Dia da Consciência Negra, é especial demais. É um turbilhão de energia”, descreve.

Se Michael Bibi é um dos maiores nomes do tech house mundial e vai se apresentar pela primeira vez em solo carioca, a BASE foi criada em 2008 por Yuso Barros, para comemorar seu aniversário de 18 anos. Os amigos DJs Bernardo Campos, Pedro Mezzonato e Felipe Fella foram mais que convidados e viraram sócios. As primeiras edições aconteceram na saudosa boate Fosfobox, em Copacabana. De lá para cá, a festa teve 40 edições, ocupando com as duas democráticas pistas os mais variados espaços. Da Estação Leopoldina ao Píer Mauá, passando por uma superedição no Maracanã.

“A BASE tem dois ambientes que antigamente não conversavam, mas hoje em dia os dois gêneros estão muito fortes. Se no início os públicos não se misturavam, agora têm o prazer de poder curtir duas festas em uma. Esse sempre foi o nosso diferencial. Temos uma identidade que não muda. Fazemos festa por música, com o intuito de trazer os melhores DJs para agradar ao público, colaborando para toda a cena de música eletrônica e hip hop”, conta Yuso.

Com os amigos e sócios em outros trabalhos, Yuso se uniu à Agência Sommar para tocar a BASE. A empresa, que produz eventos como o Rep Festival, é comandada por Cleber Junior e Raphael Porto. Cleber frisa o DNA carioca da BASE, criada para unir públicos, entre o hip hop e o eletrônico:

“São segmentos que estão muito fortes no Rio e ela é a única festa que tem uma pista de cada um. Sempre fui muito fã da BASE e já tinha uma relação profissional com o Yuso, que tem uma agência de publicidade. Quando ficou sozinho no comando da festa, nos chamou por saber do carinho que temos com a marca. E de 2018 para cá, quando houve a última edição, a Sommar despontou no cenário do rap e da música eletrônica. Nossa entrada é muito no sentido de cruzar ideias. Por contratarmos muito, temos força na contratação tanto de artistas da música eletrônica quanto do rap. Queremos ampliar o rap nas próximas edições”, diz Cleber Junior.

Raphael Porto lembra que conhece Yuso há muito tempo. “Sempre frequentamos e respeitamos muito a BASE. Nessa retomada, muito pela sinergia com a marca, ele nos convidou para entrarmos de sócios. Meu foco foi entrar para ajudar na contratação de artistas.”

Por falar nos DJs, além de Michael Bibi, Electronic Stage reúne Aline Rocha, Bernardo Campos, Bewav, Brisotti, Classmatic, Felipe Fella e Flow & Zeo.

O Armazém da Utopia fica Av. Rodrigues Alves, s/n, Armazém 6, Santo Cristo. A festa tem classificação 18 anos e ingressos pelo www.ingresse.com/festa-base. As portas da Utopia abrem às 18h.