O longa-metragem baiano Timidez foi o grande destaque do 16º Festival de Cinema de Triunfo, em Pernambuco, ao conquistar seis prêmios e uma menção honrosa do júri popular. A cerimônia de premiação aconteceu no último final de semana (20/12) e consolidou o filme como um dos principais lançamentos recentes do cinema nacional.
O suspense psicológico venceu os troféus de Melhor Longa Nacional (Júri Oficial), Melhor Direção, para Susan Kalik e Thiago Gomes Rosa, Melhor Roteiro, assinado por Susan Kalik, Cláudia Barral e Marcos Barbosa, Melhor Ator, com Antonio Marcelo, além de Melhor Direção de Arte, para Carol Tanajura, e Melhor Montagem, com Lucílio Jota e Quito Ribeiro. O filme ainda recebeu a Menção Honrosa do Júri Popular.
Protagonizado pelos atores baianos Dan Ferreira e Antonio Marcelo, Timidez marca a estreia de Susan Kalik e Thiago Gomes Rosa na ficção, após trajetórias consolidadas no documentário e em curtas-metragens. O roteiro é uma adaptação da peça O Cego e o Louco, da dramaturga Cláudia Barral, encenada há mais de 25 anos em palcos de todo o Brasil.
Susan Kalik acumula uma carreira expressiva no audiovisual, com indicação ao Emmy Internacional pela série sobre Anderson Silva, da Paramount. Atualmente, a diretora desenvolve projetos de ficção para os Estúdios Globo, além de uma nova série e um longa-metragem. Já Thiago Gomes Rosa é diretor da TV Globo e integra a equipe da novela Coração Acelerado, além de desenvolver seu próximo longa de ficção.
Um filme sobre silêncios, afeto e opressão
Timidez acompanha a história de Jonas, um jovem negro que vive com o irmão Nestor, um homem cego com quem mantém uma relação marcada por afeto e opressão. Carregado por memórias dolorosas, Jonas se tornou inábil nas relações sociais e construiu um universo íntimo atravessado pela solidão e pela rejeição. A timidez, no filme, surge como expressão profunda de feridas emocionais acumuladas desde a infância.
Mais do que um drama familiar, o longa se afirma como um suspense psicológico sensível, que propõe um olhar atento às marcas íntimas deixadas pelo racismo cotidiano — não apenas em sua face explícita, mas nas cicatrizes emocionais que moldam subjetividades.
Para os diretores, o reconhecimento no festival reforça a potência do cinema brasileiro. “Receber estes prêmios no Festival de Cinema de Triunfo é uma honra, em um espaço de escuta, afeto e resistência do cinema nacional. Que o cinema siga sendo esse lugar onde até o que parece pequeno, tímido ou invisível pode ganhar voz, luz e permanência”, afirmam Susan Kalik e Thiago Gomes Rosa.
Antonio Marcelo, vencedor do prêmio de Melhor Ator, celebrou a conquista como um marco em sua trajetória. “É uma honra e um momento muito especial. Contar nossas próprias histórias fortalece nossa caminhada como artistas negros, atravessados pela sensibilidade, pela resistência e, sobretudo, pelo afeto”, declarou.
Com estreia prevista nos cinemas para o primeiro semestre de 2026, Timidez estreou no Festival do Rio deste ano e segue em circulação por festivais, consolidando-se como um dos destaques do cinema baiano e nacional.
O filme é uma produção da Modupé Produtora, em coprodução com a Raccord Produtora, com produção de Clélia Bessa e Marcos Pieri. O projeto contou com investimento do FSA/BRDE/Ancine e do Governo da Bahia, além de apoio da Fundação Cultural do Estado da Bahia, por meio das Leis Paulo Gustavo e da Política Nacional Aldir Blanc.








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