O primeiro disco completo de Kaê Guajajara, “Kwarahy Tazyr”, lançado em 2021, ganha agora mais palcos nacionais com a turnê patrocinada pela Natura Musical. Para abrir os caminhos dessa circulação, Recife recebe a cantora, no Teatro do Parque nesta sexta, dia 9.
No dia seguinte, já em São Luís, a artista ocupa a Casa d’Arte. E no domingo, ela se apresenta no Chão SLZ. Em Manaus, a agenda acontece no dia 16 no Casarão de Ideias e no dia 18 no Te Encontro na Barroso. Em cada apresentação, um artista local será convidado por Kaê Guajajara. Novas datas serão anunciadas, ainda este ano, no Rio de Janeiro e São Paulo.
Totalmente acessível em libras, o show “Kwarahy Tazyr” apresenta um formato inédito para a compreensão do público surdo, onde todas as canções foram gravadas pela intérprete de libras Leid Alves. Ela ressalta que, geralmente, o intérprete de libras é posicionado na lateral do palco, presencialmente, e, dependendo do tamanho do evento ou festival, o público surdo não consegue visualizá-lo. “Com a interpretação em libras em um telão, todo público surdo será verdadeiramente contemplado na experiência ao vivo”, finaliza.
Ainda como atração, Kaê Guajajara apresentará, em algumas cidades, o show sincronizado ao seu recente lançamento: o primeiro álbum visual indígena da música brasileira, com direção de Kandú Puri e realização do selo artístico indígena Azuruhu.
Expoente da Música Popular Originária (MPO) e nascida em Mirinzal, no Estado do Maranhão, Kaê Guajajara se mudou para o complexo de favelas da Maré, no Rio de Janeiro, ainda criança e teve sua vida marcada por preconceitos e racismo por conta de seus traços e origem. Mais que uma expressão artística, ela vê na música uma forma de resistir e se manifestar contra o silenciamento dos povos originários imposto pelos colonizadores e perpetuada até hoje pelos seus descendentes.
“A circulação nacional da Música Popular Originária é essencial para celebrar a vida e a arte dos povos indígenas, ainda homenageados como folclore, mas pouco reconhecidos como potência contemporânea para um diálogo primordial que é o do bem viver coletivo”, diz Kaê.
“Kwarahy Tazyr” significa “filha do sol” em zeeg’ete, língua do povo indígena Guajajara, e oferece uma nova perspectiva sobre a colonização a partir de composições oriundas dos sonhos de Kaê – uma técnica ancestral de se receber os cantos. A artista aborda em suas composições uma realidade que vai muito além do noticiário e das lutas dos povos aldeados pela demarcação de terras. Aqui, ganha protagonismo a vivência daqueles que cresceram sem-terra por conta do conflito com invasores e se exilaram nas favelas das capitais brasileiras ou mesmo dos que já nasceram nelas por terem suas gerações separadas pela colonização.
A turnê Kwarahy Tazyr e o documentário foram selecionados pelo programa Natura Musical, através do Edital 2022, ao lado de nomes como Jup do Bairro, Os Tincoãs, Ventura Profana, Marujos Pataxó e Raidol. Ao longo de 16 anos, a Natura Musical já ofereceu recursos para mais de 140 projetos no âmbito nacional, como Lia de Itamaracá, Mariana Aydar, Jards Macalé e Elza Soares.
“Este projeto, assim como os demais selecionados pelo edital Natura Musical, tem a potência de gerar impacto positivo no ecossistema onde está inserido. Isso se traduz em ações de inclusão, sustentabilidade, apoio à diversidade e educação. São pilares fundamentais para as mudanças que desejamos vivenciar no mundo”, afirma Fernanda Paiva, Head of Global Cultural Branding.
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