Mirella Façanha estreia no cinema com filme no Festival de Berlim

por | fevereiro 23, 2024

Protagonista do longa-metragem “Cidade; Campo” ao lado de Fernanda Vianna e Bruna Linzmeyer, a atriz vai à capital alemã para o lançamento mundial do filme, único representante brasileiro na Berlinale Encounters

Dentre as muitas transformações que o período da pandemia de Covid-19 trouxe para o mundo, aconteceu a chegada de um convite pra Mirella Façanha estrelar seu primeiro longa-metragem. Foi em meio à toda vivência daquela época densa, plena de incertezas, que a atriz, diretora e dramaturga, após ser procurada incansavelmente pela equipe do filme, recebeu em sua casa Alice Wolfenson e Juliana Rojas, respectivamente a produtora de elenco e a diretora e roteirista de “Cidade; Campo”, e aceitou a missão de estar como atriz num produto audiovisual. Dramaturga e atriz do incensado espetáculo teatral “Isto é um negro?”, a multiartista agora aterrissa em Berlim para, junto à equipe, participar da Berlinale Encounter, mostra competitiva do Festival de Berlim, onde o filme teve sua primeira sessão pública no dia 19 de fevereiro e ganhou o pêmio de Melhor Direção da Mostra Encounters.

Foto: Mayra Azzi

“Antes do teste, eu já estava completamente apaixonada pelo roteiro e pela delicadeza da Juliana propor uma reunião antes de filmar o teste para que eu pudesse tirar qualquer dúvida sobre a personagem. Mas quando olhei pra tela do computador e vi que eu estava pela primeira vez em uma reunião onde éramos três mulheres gordas, eu me emocionei…”, relembra Mirella.

Ela também foi diretora e roteirista do documentário “Noiz é sempre um ruído”, onde registra o processo de desmontagem do grupo de teatro “E Quem É, Gosta?”, do qual foi uma das fundadoras. A espera para estar nas telas valeu a pena. Mirella Façanha se lança no audiovisual num produto cuja trajetória já começa em grande estilo, com direito à presença em um tapete vermelho na Europa.

Contando histórias de migração entre o meio urbano e o rural e com uma equipe formada majoritariamente por mulheres, o filme rodado na cidade de São Paulo e na zona rural do Mato Grosso do Sul concorre em Berlim aos prêmios de Melhor Filme, Melhor Direção e Prêmio Especial do Júri. Para suas cenas mais intensas – físicas e emocionalmente – Mirella construiu um gráfico de intensidades para conseguir fazer transições sutis que fizessem sentido dentro das reações de Flávia.

Foto: Mayra Azzi

Ensaiar e filmar em meio à pandemia foi um processo desafiador para Mirella, que é portadora de esclerose múltipla. Atualmente com sua condição de saúde controlada, a atriz é só alegria: “Se eu falar que não me imaginava no lugar em que estou hoje, estaria mentindo. Realizar sonhos é muito mais gostoso do que só tê-los dentro da cabeça”.

“Acredito que o audiovisual é documento histórico do nosso tempo, e se continuarmos a perpetuar a ausência de algumas existências nas telas estaremos excluindo mais uma vez grande parte da população. Não podemos repetir a história. Acho que temos avançado muito, e comemoro isso. Precisamos urgentemente seguir construindo novas possibilidades de subjetividades no audiovisual. Desejo que “Cidade; Campo” possa trazer novas perspectivas para o imaginário coletivo em relação a corpos como o meu na cena”, reflete Mirella.

Sinopse:

Duas histórias que têm como foco a migração entre cidade e campo. Numa delas, a trabalhadora rural Joana se muda para São Paulo depois do rompimento de uma barragem. Na outra, Flávia se muda com a sua companheira para a fazenda herdada de seu pai.

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