O Museu das Favelas, instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, gerida pela organização social idg – Instituto de Desenvolvimento e Gestão, realiza, de 14 a 16 de agosto, o 2º Seminário de Pesquisa: Favela é o Centro. O evento, que conta com patrocínio do Itaú Unibanco, visa refletir sobre a ocupação do território central da cidade de São Paulo por vozes periféricas, e ainda realiza o lançamento de uma pesquisa inédita sobre acesso das favelas e periferias em museus da cidade de São Paulo.
Promovido pelo CRIA – Centro de Referência, Pesquisa e Biblioteca do Museu, o evento acontecerá com atividades presenciais e transmissão ao vivo pelo canal do YouTube da instituição. O momento reunirá pesquisadores, artistas e lideranças comunitárias para debater estratégias de resistência, produção de memória e práticas de democratização do Museu.
Durante os três dias de evento, o público participará de mesas de debate, rodas de conversa e manifestações culturais que evidenciam a potência das periferias e das culturas negras na construção da cidade. Temas como arte e reparação, museologia social e disputas simbólicas pelo espaço urbano serão discutidos, em um encontro que valoriza o saber-fazer coletivo e o fortalecimento de narrativas historicamente marginalizadas. A programação contará ainda com apresentação de jongo, reafirmando a importância da cultura como ferramenta de resistência e pertencimento.
A programação compõe a Jornada do Patrimônio 2025, ação promovida pela Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, e que nesta edição, aborda a relação entre tempo, memória e sentidos, reforçando a importância da inclusão e acesso ao patrimônio cultural, ampliando sentimentos de pertencimento.
“Nosso intuito é colocar em destaque a relevância das favelas para a construção da identidade da cidade, um papel que ainda é invisibilizado como sujeito das discussões. A história do Brasil, desde a formação das primeiras favelas como o Morro da Providência, no Rio de Janeiro, está profundamente ligada a processos de desigualdade, resistência e construção coletiva. Este seminário é uma demonstração da potencialidade das favelas para o debate social, não apenas como territórios de carência, mas como centros vivos de produção cultural, saberes, memória e transformação urbana”, declara Natália Cunha, diretora do Museu das Favelas.
O CRIA tem como objetivo pesquisar, reunir e compartilhar informações qualificadas sobre as favelas e periferias brasileiras, a partir de diferentes suportes e campos do saber. Seu espaço conta com uma biblioteca, especializada em literatura de autores periféricos e assuntos relacionados, que pode ser utilizada para estudo e convivência.
As vagas presenciais são limitadas a 40 participantes para as mesas, com inscrições antecipadas disponíveis em formulários online. O seminário contará com intérpretes de Libras e acessibilidade garantida nas transmissões.
Serviço
2º Seminário de Pesquisa: Favela é o Centro
Data: De 14 a 16 de agosto de 2025
Local: Museu das Favelas (presencial) e Canal do YouTube (transmissão ao vivo)
Inscrições: Gratuito, com vagas limitadas e inscrição antecipada
Inscreva-se aqui
Acessibilidade: intérprete de Libras e recursos de acessibilidade nas transmissões
PROGRAMAÇÃO
14 DE AGOSTO – QUINTA-FEIRA
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13h30 às 15h – Credenciamento e café
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15h às 16h – Mesa de abertura: Favela é o Centro
Apresentação institucional do percurso e das premissas do Museu das Favelas. Contextualização do Seminário e apresentação dos resultados de pesquisa sobre acesso das favelas e periferias em museus da cidade de São Paulo, realizada pelo Museu das Favelas.
Participantes:
Natália Cunha (Diretora do Museu das Favelas)
Jader Rosa (Superintendente do Itaú Cultural)
Priscilla Fenics (Coordenadora de Comunicação)
Vera Cardim (Coordenadora do CRIA – Centro de Referência, Pesquisa e Biblioteca)
Mestres de Cerimônia: Ayla Lopes e Weverton Martins (Educadores do Museu das Favelas)
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16h às 18h – Mesa I: Centro, um território em disputa
Discussão sobre a constituição e crescimento da Sé, região em que o Museu das Favelas está situado, considerando estratégias históricas de apagamento e de retomada de memórias periféricas no Centro Histórico da cidade de São Paulo.
Com Casé Angatu Xukuru Tupinambá; Caróu Oliveira (História da Disputa) e mediação de Vera Cardim (Coordenadora do CRIA – Centro de Referência, Pesquisa e Biblioteca).
Necessário inscrição, formulário disponível no link
15 DE AGOSTO – SEXTA-FEIRA
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9h às 10h – Credenciamento e café
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10h às 12h – Mesa II: Identidade, arte e reparação – Parte 1
Com representantes de obras expostas no módulo “Morar” da exposição principal do Museu das Favelas, “Sobre Vivências”, esta mesa propõe discussões sobre a produção de arte como meio para elevação da autoestima, preservação de memórias, reclamação de direitos e geração de renda, sendo, em diferentes ocasiões, uma estratégia de sobrevivência para a população periférica.
Participantes: Hermes de Sousa (Instituto Nova União da Arte – NUA), Flavson Francisco da Silva (Chuá) (Associação Atlética Cohab Juscelino – AACJ COHAB Juscelino), Diego Rocha, Matheus Da Silva, Rafael Kurgan, Rafael Alvez e Vitor Santos (Artesanato Chave). Mediação: O tal do Ale (Educador no Museu das Favelas) e Sidnei Rodrigues (Bibliotecário no Museu das Favelas).
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13h às 14h30 – Credenciamento e Café
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14h às 16h – Mesa II: Identidade, arte e reparação – Parte 2
Com representantes de obras expostas no módulo “Morar” da exposição de longa duração do Museu das Favelas, “Sobre Vivências”, esta mesa propõe discussões sobre a produção de arte como meio para elevação da autoestima, preservação de memórias, reclamação de direitos e geração de renda, sendo, em diferentes ocasiões, uma estratégia de sobrevivência para a população periférica.
Participantes: Iyaloriṣá Jennifer de Xangô (Ilê Asé Iya Osun), Mônica Nador e Zulmira Alves da Fonseca (Jardim Miriam Arte Clube – JAMAC), Josimere Lucidato (Museu de Arte das Paneleiras do Espírito Santo – MAPES), Juliana dos Santos (Autora da obra: A Vingança de Cam, 2022). Mediação: Claudia Onorato (Bibliotecária no Museu das Favelas) e Rodrigo Carinhoso (Produtor Executivo no Museu das Favelas).
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16h às 16h30 – Café
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16h30 às 18h30 – O Baile tá on!
Para evidenciar a cultura do Jongo, a conversa-cantada será com a Comunidade Jongo dos Guaianás, atuante há 18 anos no
extremo Leste da cidade de São Paulo e os Candongueiros do Campo Limpo. O jongo é uma manifestação com raízes em crenças e saberes tradicionais africanos, expressão de lazer e resistência, fortemente presente na região Sudeste, registrado como patrimônio cultural brasileiro, desde 2005, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN.
O Baile tá ON! é um projeto proposto pelo educativo do Museu das Favelas, como forma de ativar as exposições através de uma conversa-cantada com os artistas convidados. O objetivo é que possamos realizar uma mediação relacionada a trajetórias e músicas dos artistas e coletivos convidados, com as obras presentes no Museu.
Participantes:
Jongo dos Guaianás e Candongueiros do Campo Limpo, com mediação de Fabin Santin (Educador do Museu das Favelas)
16 DE AGOSTO – SÁBADO
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9h às 10h – Café
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10h às 12h – Curadoria e Patrimônio Sensorial
O bate-papo visa promover reflexões sobre curadoria a partir da importância do reconhecimento dos patrimônios sensoriais como profundamente significativos para a constituição das memórias nas favelas, formadas por saberes que transitam entre sons, texturas, coreografias coletivas e linguagens diversas. A curadoria do Museu das Favelas parte da compreensão de que memória vai além da simples escolha do que deve ser preservado, incluindo a valorização de sensações e mobilizações no presente.
Participantes: Jairo Malta (Curador no Museu das Favelas), Danielle Almeida (Gerente de Desenvolvimento Institucional no Museu das Favelas).
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13h às 14h30 – Credenciamento
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14h às 16h – Mesa III: Museologia Social, um saber fazer comunitário
Debate sobre a importância de iniciativas para a salvaguarda, problematização e difusão de práticas e saberes locais, refletindo sobre as necessidades e possibilidades de realização de espaços que guardam memórias dos seus territórios, constantemente ameaçados por estratégias de esquecimento e apagamento, seja por meio do campo habitacional, artístico ou religioso, além dos impactos socioambientais que essas ações implicam.
Participantes: Rodrigo Bonciani (Favelas.BR e UNESP), Isac Ferraz (Favelas.BR e Centro de Memória e Museu da Brasilândia), Sandra Maria Teixeira (Museu das Remoções – RJ), Mãe Zana de Odé (Ilê Asè Odé Ibualamo). Mediação: Danieli Leite (Museóloga no Museu das Favelas) e Érika Augusta (Pesquisadora no Museu das Favelas)
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16h às 16h30 – Café
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16h30 às 18h – Pesquisa de Cria: Encontro de Saberes
Bate-papo sobre a produção literária que emerge das periferias e favelas, e que não só documenta as experiências faveladas, como denuncia relações com demais espaços da cidade.
Participantes:
Helena Silvestre e Vera Eunice de Jesus, com mediação de Érika Augusta (Pesquisadora no Museu das Favelas).
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