Nascido em 26 de junho de 1942, Gilberto Gil, um dos maiores nomes da música brasileira, completa 81 anos de idade. Um dos fundadores da Tropicália ao lado de Caetano Veloso, Gal Costa, Maria Bethânia, Tom Zé e outros diversos grandes artistas, Gil tem uma prolífica carreira repleta de canções emblemáticas espalhadas em discos ímpares como “Um banda um”, “Luar”, “Realce” e “Extra”.
Fizemos uma seleção de dez canções para você redescobrir esse gênio da música brasileira.
Ele falava nisso todo dia – Gilberto Gil (1968)
Já “cronicando” a vida, como seria uma de suas marcas em diversas canções, Gil narra a vida de um jovem rapaz preocupado com as cobranças em relação a ter condições dignas de vida para si e a família. No entanto, como muitos trabalhadores, o personagem da música morre antes de conseguir aquilo que tanto almejava. Uma canção sobre como pode ser sem sentido e trágica a vida de um homem comum.
Cérebro Eletrônico – Gilberto Gil (1969)
Se hoje a inteligência artificial gera temor em quem tem acompanhado suas maravilhas e bizarrices, Gil já fazia um contraponto reflexivo ao avanço da tecnologia. “O cérebro eletrônico faz tudo/ Quase tudo/ (…) Mas ele não anda/ Só eu posso pensar/ Se deus existe, só eu/ Só eu posso chorar quando estou triste”, dispara o cantor. Ainda muito atual.
Meu glorioso São Cristovão – Gil e Jorge (1975
Um disco pouco ouvido e conhecido até mesmo por entusiastas dos dois artistas. Em sessões de improviso, os dois deuses da canção se juntaram para conceber verdadeiros mantras, a exemplo desta canção.
Refazenda – Refazenda (1977)
Criada a partir e um neologismo de Gilberto Gil, “Refazenda” se tornou um dos maiores sucessos do cantor e compositor baiano. Na canção cheia de imagens que evocam uma aproximação com a natureza, o artista também ensaia uma volta à Tropicália. Uma canção para fluir junto com tudo que há de natural ao nosso redor.
Super-Homem: A Canção – Realce (1979)
O fim dos anos70 e início dos 80 marcou um período de muito sucesso para Gil, tanto com a crítica quanto comercial. “Realce” é de seus álbuns mais bem-sucedidos e nele se encontra essa pérola. Intrigado com o entusiasmo de Caetano Veloso ao assistir “Super-Homem: O Filme”, em que o herói invulnerável parece extremamente sensibilizado com Lois Lane, sua paixão terráquea. O diálogo intermídia gerou essa magnífica composição.
Sonho Molhado – Luar (1981)
“Luar” trouxe clássicos como ‘Palco’ e ‘Se eu quiser falar com Deus’. O disco é irrepreensível da primeira até a última faixa, mas ‘Sonho Molhado’ traz bastante do que resume o trabalho. Um namoro harmônico de forró, reggae, funk, disco e pop, enquanto o cantor fala sobre voltar a sentir a água da chuva como metáfora para viver intensamente enquanto Dominguinhos o acompanha na sanfona.
Drão – Um Banda Um (1982)
Uma das músicas mais lindas já escritas sobre divórcio, “Drão” é uma homenagem à Sandra, mãe de três filhos do cantor. Nada de mágoa e ódio. Aqui, o fim é um trampolim para que o amor se transforme em outra forma de afeto positivo. O amor morre para o carinho e admiração ficarem mais fortes. Ao menos pelo ponto de vista do cantor.
A Linha e o Linho – Extra (1983)
“É a sua vida que eu quero bordar na minha/ Como se eu fosse o pano e você fosse a linha”, abrem os versos de ‘A Linha e o Linho’, quarta faixa de “Extra”. Sensibilidade até o último nervo, Gil nunca esteve tão apaixonado.
Pessoa Nefasta – Raça Humana (1984)
“Reza/Chama pelo teu guia/Ganha fé, sai a pé, vai até a Bahia/Cai aos pés do Senhor do Bonfim/Dobra/Teus joelhos cem vezes/Faz as pazes com os deuses/Carrega contigo uma figa de puro marfim”, aconselha Gil na canção que namora com a sonoridade pop rock oitentista. Toda a letra pode ser interpretada como forma de “homenagem” a certos políticos brasileiros e seus defensores.
Three Little Birds – ‘Kaya N’Gan Daya (2002)
A relação de Gil com o reggae é mais que conhecida. Na verdade, ele foi o maior responsável pela popularização dogçenero no Brasil, regravando ‘No Woman, No Cry’, que virou “Não Chores Mais” e depois gravou “Vamos Fugir” acompanhado do lendário grupo “The Wailers”. Em ‘Kaya N’Gan Daya’, o musicista chamou nomes como Samuel Rosa, Paralamas do Sucesso e I-Three para darem nova roupagem aos clássicos do Rei do Reggae. “Three Little Birds” ganhou até viodeoclipe animado.
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