O espetáculo “Kid Morengueira – Olha o breque!”, que homenageia Moreira da Silva (1902 – 2000), o cantor que popularizou o samba de breque tornando-se um ícone da música brasileira, faz sua última apresentação nesta sexta, às 19h, pela plataforma Sympla ou presencialmente, no Teatro Petra Gold, no Rio de Janeiro.
A peça estreou em uma bem-sucedida temporada, em 2018, no Teatro I do Sesc Tijuca, com excelentes críticas, prêmios e indicações. E foi contemplada com o Prêmio Botequim Cultural, nas categorias Melhor Ator (Édio Nunes) e Melhor Texto (Ana Velloso e Andréia Fernandes). Além disso, foi indicada aos prêmios Cesgranrio de Melhor Ator de Musical (Édio Nunes) e Fita de Melhor Direção Musical.

O ator Édio Nunes interpreta Moreira da Silva
Vivendo em meio à malandragem, Moreira da Silva imortalizou centenas de canções com letras que retratavam situações pitorescas, muitas vezes parecidas com as que viveu. Inventou o Kid Morengueira – um personagem de si mesmo, malandro à moda antiga, daqueles que não existem mais e que se entranhou na alma de Moreira a tal ponto que ninguém mais distinguiria onde começava um e terminava o outro.
O samba permitiu a ele criticar, sempre com muito bom humor, os poderosos com seus desmandos, os malandros que conheceu na noite e os compositores que ajudou a tornar conhecidos. Nem mesmo o cinema estrangeiro, que ele viu chegar ao país no início do século XX, escapou de sua crítica mordaz. Toda a atmosfera de glamour que cercava o cinema americano e europeu caia por terra nas canções em que “escrachava” igualmente mocinhos e bandidos, revelando como poucos o traço antropofágico de nossa cultura.
Essa não é a primeira vez que Édio Nunes traz o personagem Moreira da Silva à cena. Em 2004 o ator deu voz ao sambista no musical “Geraldo Pereira – Um escurinho brasileiro”, de Ricardo Hofstetter, com direção de Daniel Herz e protagonizado por Jorge Maya. Édio se destacava no número musical “Na Subida do Morro” – com letra atribuída a Moreira da Silva e Ribeiro Cunha – mas na verdade, comprada do amigo de boemia e compositor Geraldo Pereira. Na coxia o comentário entre os colegas era geral: “Você tem que fazer o Moreira em um musical sobre ele, Édio! Foi aí que a ideia ganhou mais força”, lembra o ator.

O espetáculo contará com apresentação online e presencial simultâneas
Moreira já era um velho conhecido do ator naquela época: “No musical “Crioula”, que estreou no CCBB em 2000, com texto e direção de Stella Miranda, as atrizes Elisa Lucinda e Zezé Polessa dividiam o papel da personagem protagonista Elza Soares. E Édio interpretava Moreira da Silva, entre outros. O antológico encontro do Moreira com Elza, que era uma cena do espetáculo, também é lembrado na peça “Kid Morengueira – Olha O Breque!”, mas agora com o olhar bem humorado do Moreira” – diz o ator.
O espetáculo tem texto de Ana Velloso e Andreia Fernandes, direção de Sergio Módena,arranjos direção musical de Ricardo Rente, figurinos e ambientação cênica de Marcelo Marquese iluminação de Fernanda e Tiago Mantovani. Em cena, o ator Édio Nunes, acompanhado dos músicos, Fernando Leitzke (teclado) Ricardo Rente (sopro) e Sérgio Conforti (bateria e percussão) leva ao público o universo de Moreira da Silva/Kid Morengueira num pocket musical emocionante e divertido.
Na dramarurgia de Andreia Fernandes e Ana Velloso fatos biográficos vão se misturando com elementos de ficção, bem à maneira das letras que Moreira da Silva interpretou. “Moreira se transporta para a obra. É como se ele estivesse na dificuldade. Ele faz a crônica, mas também se coloca como personagem. E aí de forma criativa, dá uma outra cara para a situação”, diz Édio.
Em cena, Édio interpreta sucessos que imortalizaram Moreira da Silva como “Paraíso de malandro” (Sereno), “Amigo urso” (Henrique Gonçalez), “Na subida do morro” (Moreira da Silva / Ribeiro Cunha), “Acertei no milhar” (Wilson Batista e Geraldo Pereira), “O rei do gatilho!” (Miguel Gustavo), “Morengueira contra 007” (Miguel Gustavo), “O último dos moicanos” (Miguel Gustavo), “Esta noite eu tive um sonho” (Moreira da Silva e Wilson Batista), “Lapa da década de trinta” (Dalmo de Niterói e M. Micelli) e “Piston de gafieira” (Jorge Veiga e Billy Blanco), entre outros.
O Teatro Petra Gold fica na Rua Conde de Bernadotte 26, Leblon, Rio de Janeiro. Dia 9, às 19h. Ingresso: R$ 50 (presencial) e R$ 25 (online). Mais informações: 2529-7700.
Assine agora a newsletter da Trace em 30 segundos
Siga a Trace Brasil no Instagram, Facebook, Twitter e YouTube
0 comentários