Peça ‘Preta de Ébano’ ganha versão em livro, que será lançado neste sábado

por | novembro 5, 2021

“Existem princesas negras?”. Foi a partir do questionamento de sua filha, que a educadora e escritora Gisela de Castro criou para o teatro o espetáculo “Preta de Ébano”, que conta uma aventura da personagem-título, uma princesa preta do nosso tempo. E dos palcos, a história será lançada em livro neste sábado, dia 6.

Já foi o tempo dos contos de fadas em que princesas esperavam por príncipes encantados para salvá-las, e o final da história para elas era o  “felizes para sempre”. Assim como já se foi o tempo de entender que existem vários reinos diferentes por este mundo, assim como nos livros de histórias.

Preta de Ébano é muito mais do que uma princesa. Quando a chegada de um ardiloso forasteiro ameaça o reino tranquilo da jovem, ela embarca em uma jornada corajosa para salvar seu povo. Com muita ousadia e com poder da orientação ancestral, a princesa mergulha na pesquisa da magia das ervas e do tempo, sob a liderança de três sábias senhoras.

“Diante do questionamento da minha filha, fui beber nos clássicos que eu tive acesso quando criança. Então pensei muito numa princesa que fosse atrás do conhecimento e da pesquisa. Sou bióloga de formação e as descobertas da ciência sempre fizeram parte da minha vida e dos meus interesses. Criei então uma princesa pesquisadora que combate os males da sociedade por meio do estudo e da pesquisa científica, o que acho de extrema importância atualmente, já que estamos numa fase tão delicada, de negacionismos, onde tentam fazer com que a ciência seja desacreditada”, diz Gisela.

O poder feminino negro é o protagonista dessa história, em que estão representadas várias mulheres pretas: mães, filhas, professoras, cientistas, heroínas. O livro traça também um paralelo com os tempos atuais. A princesa se isola com as sábias para encontrar – por meio dos saberes ancestrais sobre o poder de cura das plantas – a salvação para os problemas do reino.

“A minha perspectiva foi mais pelo viés de uma princesa com questões feministas, uma princesa independente, que não se fiasse na mágica, em príncipe encantando, que não fosse como a ‘Bela Adormecida’ que passa a história passivamente, esperando que algo aconteça. Preta de Ébano é uma protagonista ativa, ela vai atrás”, revela a autora.

“Preta de Ébano” tem a missão de dialogar com o público infantojuvenil para colaborar com a formação de uma geração que reconheça e entenda a igualdade de gênero, o antirracismo e o respeito à ciência.

E a autora encontrou o parceiro ideal para a empreitada: o ilustrador Jefferson Batista, que aceitou a tarefa de assinar as imagens do livro.

Jefferson, que nasceu em Carpina, Pernambuco, é um premiado cineasta que faz filmes de animação em stop motion e construiu as ilustrações a partir de fotografias com os mini cenários construídos de verdade. Ele ficou ainda mais encantado com o projeto pelo fato de Preta de Ébano não estar à espera de um príncipe e, sim, em salvar seu povo com a ajuda de outras mulheres pretas. Para dar vida à personagem, Jefferson construiu cenários com algodão, arame, isopor, papel, madeira e tecidos.

“As árvores são de algodão; as nuvens, de isopor; o rio é feito de gel com um pouco de tinta azul; e a grama é uma toalha verde. Dá pra criar coisas com esses materiais que todo mundo tem em casa”, explica o artista, que espera estimular a criatividade das crianças, quando elas perceberem que os materiais usados nas ilustrações são todos familiares. Ele destaca ainda os figurinos inspirados no maracatu rural e os penteados femininos que mostram toda a diversidade e riqueza da cultura negra.

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