Além de promover atividades socioeducativas e culturais, o espaço é também uma casa de candomblé
Conhecido no Rio de Janeiro por executar diversas atividades em prol da educação e da cultura, o Ylê Asè Egi Omim, mantenedor do Centro de Tradições Afro Brasileiras, quilombo urbano e terreiro de candomblé localizado em Santa Teresa, na região central da cidade, está realizando uma campanha de arrecadação financeira para a construção do telhado do barracão, intervenções estruturais urgentes e medidas para a ampliação das atividades. Hospedada no site Benfeitoria, a ação tem como objetivo inicial atingir o valor de R$ 100 mil até o dia 8 de maio, no modelo de tudo ou nada. Caso a meta proposta não seja alcançada, as doações retornarão para seus donos.
As instalações atuais do espaço, muito desgastadas pelo tempo de uso, foram construídas em 1968 para ser a sede da Sociedade Budista do Brasil, que aparecem em atividade até a chegada do Ylê Asè Egi Omim, em 2018. Até o final do século XVIII, a região foi local de refúgio e resistência para negros quilombolas que lutam contra a escravização. Situado dentro da Mata Atlântica, o espaço conta com mais de 6 mil metros quadrados de mata preservada e cerca de 500 metros quadrados de área construída. Além das modificações e emergências, o valor arrecadado será utilizado para a construção do telhado do barracão e da cozinha onde são preparados como alimentos para os Orixás e práticas religiosas.
Onde nos cortamos, nós brotamos!
Intitulada de “Brota na Campanha”, a mobilização traz como mote uma frase da Iyalorixá fundadora e zeladora do terreiro, jornalista, educadora e ativista Wanda Araújo. Para ela, a presença das populações de matriz africana em espaços no centro da cidade, de onde historicamente foram expulsos, não pode ser descolada de seu teor político. “O terreiro é lugar de criação de vida e de novas perspectivas. Esse gesto de retirar das margens e deixar existir como parte da cidade um terreiro de candomblé é apostar na construção de outro convívio sócio, político e afetivo hoje na nossa cidade”, ressalta uma iyalorixá. Antes de chegar ao Centro da cidade, o Ylê Asè Egi Omim já passou por outras localidades, como os bairros de Curicica, onde foi fundado em 1996, e Ilha de Guaratiba, onde ocorreram de 2000 a 2018.
Com um histórico junto aos movimentos negros, contracoloniais e antirracistas, Iya Wanda foi iniciada e cresceu dentro de um mesmo terreiro. Sua família sempre esteve ligada aos movimentos sociais, à cultura das rodas de samba, dos afoxés e do carnaval. Nas décadas de 1980 e 1990, a educadora implantou e esteve à frente de projetos socioculturais e educativos voltados para crianças e jovens em situação de extrema vulnerabilidade, tais como Projeto Encontro – Pastoral do Menor, Casa da Vila – Se Essa Rua Fosse Minha e outros . Todas estas experiências seguem com ela na liderança do terreiro, que também é centro cultural e funciona como quilombo urbano.
Neste âmbito, diversas atividades são inovadoras no espaço. Abertas às comunidades do entorno e ao público em geral, as ações que buscam gerar impacto para além do religioso, relacionando elementos ancestrais, práticas terapêuticas, políticas e ambientais, voltadas para uma vida coletiva e solidária. Entre eles estão projetos como a Roda de Samba Igbo Ijò, a Roda de conversas Ofó Papo de Curimba, e o Encontro de Jovens de Terreiro.
Arrecadação
A campanha está aceitando ações até o dia 8 de maio, sendo possível contribuir com qualquer valor. A ação também conta com um sistema de recompensas, que funciona como um agradecimento aos colaboradores. Entre os presentes, está a aplicação do nome do doador em uma placa que será fixada no terreiro. Caso uma meta de R$ 100 mil seja atingida até os dados acima, o valor será utilizado para as obras na casa e o pagamento das taxas da plataforma. Caso a meta não seja atingida, toda a verba será devolvida aos doadores. Para participar e colaborar, basta acessar o site da campanha na plataforma Benfeitoria.
Serviço:
O que: Arrecadação financeira para obras no Ylê Asè Egi Omim
Quando: De 8 de abril a 8 de maio
Quanto: R$ 100 mil, incluindo a compra de material e as taxas da plataforma
Onde: Site do Benfeitoria benfeitoria.com/
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