Raphael Pippa fala sobre racismo e violência no Brasil no single ‘Nosso Catendê’

por | outubro 4, 2022

Um grito de resistência e de luta contra o preconceito e a violência. Esse é o ponto central de “Nosso Catendê”, novo single do cantor, compositor, músico e ator Raphael Pippa. Com produção de Micah El Tuhu pelo selo Tuhumusic, a faixa conta com participação da cantora e compositora Simone Faitu e está disponível nas plataformas digitais.

Composta por Raphael Pippa e Simone Faitu, “Nosso Catendê” é uma canção de protesto que mergulha no Ijexá, ritmo originário da cidade de Ilexá, na Nigéria, e levado para a Bahia pelos iorubás escravizados que aportaram a partir do final do século XVII. Essa conexão com as raízes se desdobra na letra, que evoca o legado de luta do povo preto e a resistência cada vez mais necessária contra o preconceito e a violência no Brasil.

“‘Nosso Catendê’ nasceu na primeira fase da pandemia, em 2020, da indignação de perceber nosso povo morrendo nas filas de hospitais sem sequer ter a possibilidade de tratar a Covid. Naquele momento, estava pesquisando sobre Ossain, o Orixá das ervas e do poder curativo, numa perspectiva de tentar manter o foco positivo na ancestralidade, refletindo sobre as curandeiras nordestinas da minha família. Nessa mesma época, aconteceu a barbárie com o mestre de capoeira Moa do Katendê, que foi morto a facadas. Aquele acontecimento me deixou mal e reflexivo. Além do nome de uma localidade no sertão pernambucano, no panteão dos povos de língua quimbundo, Catendê é o inquice de Ossain, das folhas, agricultura e ciência, elementos esses em ameaça atualmente. Passei a refletir sobre a necessidade de reivindicarmos esse Catendê politicamente e isso jamais seria possível sem falar das lutas seculares dos povos originários, dos povos pretos e das mulheres. Quando mostrei a música pra Simone Faitu, ela se empolgou muito e ficamos um dia mexendo nela e discutindo os caminhos da canção. Ao final, percebemos que “Nosso Catendê” é uma reação às inúmeras tentativas de genocídio e epistemicídio sobre essas populações, causadas pela colonização, muitas vezes maquiados com ditos progressos. Agridem a natureza, modificam e envenenam o solo dos nossos alimentos e atacam e negam os avanços da ciência. Que as próximas gerações continuem reivindicando esse Catendê respeitoso e possível de nos curar no dia a dia”, explica Pippa.

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