“Eu interpreto um homem do interior que atravessa a cidade em busca de sua ancestralidade, e o que ele encontra é o inverso: estátuas que não são como ele, prédios coloniais, ruas com pedras portuguesas e igrejas com símbolos brancos. Foi um convite para revisitar a cidade de forma crítica”, conta Rei Black sobre o seu papel como protagonista do filme “Híbrido”, que faz parte da programação do 17º Encontro de Cinema Negro Zózimo Bulbul, o maior festival de cinema negro da América Latina. O filme será exibido no Cine Odeon, nesta quinta (24), às 19h. O ingresso é gratuito e está disponível no Sympla.
Rei Black, com 26 produções de audiovisual no currículo, está prestes a estrear como o personagem Rubem, par romântico de Lola (Camila Pitanga) , na novela Beleza Fatal, da HBO Max, com previsão de lançamento para janeiro de 2025. No curta afrofuturista Híbrido, ele mostra mais uma faceta de sua versatilidade. O filme, inspirado na obra do cineasta mauritano Med Hondo, retrata o Homem Negro contemporâneo, seus fluxos migratórios e o confronto com a metrópole. “Quando recebi o convite para fazer Híbrido, também recebi o convite para adentrar no universo deste cineasta. Ele tem um grande repertório de filmes que abordam a colonização, a identificação racial e o apagamento nas grandes metrópoles”, explica.
Dirigido e escrito por André Lemos e realizado por Filmes do Impossível, em parceria com Instituto Ghoete, “Híbrido” traz observações críticas do presente ao refletir sobre a cultura negra na cidade contemporânea. Rei Black se aprofundou nesse contexto urbano para dar vida ao seu personagem. “Foi um convite para revisitar o Rio de Janeiro, uma cidade construída por mãos negras, mas ainda marcada pela predominância de símbolos brancos. Para criar o personagem, mergulhei no universo das ruas e dos trabalhadores, inspirando-me nessas interações efêmeras com a cidade”, conta o ator.
“Híbrido” se destaca por sua abordagem sobre as contradições históricas impostas pela colonização europeia e o apagamento cultural. “É um filme que traz um encontro inesperado do personagem com sua ancestralidade, e ao mesmo tempo expõe as marcas coloniais ainda presentes nas nossas cidades. É um chamado para refletirmos sobre nossa história e mantermos vivo o legado das pessoas negras”, frisa o ator.
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