Sucesso de vendas nos EUA, livro de ex-atleta Emmanuel Acho chega ao Brasil

por | julho 10, 2021

A pauta antirracista é hoje mundialmente tão importante quanto o combate à própria pandemia. Afinal, como diz Emmanuel Acho, autor de “Conversas desconfortáveis com um homem negro”, recém-lançado pela editora LeYa Brasil, o vírus do racismo é o mais letal em circulação atualmente. A partir de perguntas recebidas por e-mail e pelas redes sociais, Acho, ex-jogador de futebol americano e hoje comentarista da Fox Sport, fala, de forma consciente e acolhedora, sobre escravidão, desigualdade, e sobre o racismo estrutural e sistêmico que assola a nossa sociedade. No livro, ele responde a essas perguntas – complexas e simples, insensíveis e consideradas tabu – que muitas pessoas têm receio de fazer sobre o tema.

Emmanuel Acho é ex-jogador de futebol americano

“Conversas desconfortáveis com um homem negro” nasceu de uma websérie idealizada por Acho, que estreou em junho de 2020 e fez um sucesso estrondoso na internet. Foram mais de 17 milhões de visualizações e quase 500 mil inscritos em seu canal no YouTube.

Essa websérie foi “descoberta” por Oprah Winfrey e transformada em livro em tempo recorde. Publicado em novembro de 2020, no selo “An Oprah Book” da editora Flatiron, o livro chegou à lista dos mais vendidos em apenas duas semanas, virou best-seller instantâneo do New York Times, foi escolhido pela Amazon US como um dos melhores livros de 2020 e vendeu 100 mil exemplares em três meses.

O autor acredita que a solução para o racismo e suas consequências nefastas é a empatia. E isso, segundo ele, só é alcançado com informação. Emmanuel então decidiu criar esse “espaço seguro” para que pessoas brancas possam aprender mais sobre tudo a que as pessoas negras estão submetidas diariamente.

O foco do autor não é necessariamente aqueles que pregam a supremacia branca ou idolatram líderes racistas, mas todas as pessoas “de bem” que, no entanto, podem reproduzir falas e comportamentos aprendidos ao longo da vida, com familiares e amigos, que são, sim, racistas e preconceituosos e devem ser encarados e percebidos como tais. Para Acho, a saída para combatermos o racismo sistêmico é envolver todas as pessoas no problema, afinal, como diz o autor, “você não pode resolver um problema que não sabe que tem”.

E o autor traz também a sua própria experiência para o livro. Tendo escapado dos principais estereótipos relacionados a pessoas negras – pobreza, violência e crime, famílias disfuncionais –, ele percebeu que o racismo pode, muitas vezes, se manifestar de formas bem sutis sem, no entanto, deixar de ferir ou de ser racismo. “Eu já sabia que havia vivenciado o racismo. Não aquele racismo declarado, com ofensas raciais explícitas ditas bem na sua cara. Era mais sutil, como, por exemplo, as incontáveis vezes que alguém na escola – da educação infantil, passando pelo fundamental e até o ensino médio —, se sentou a minha mesa de almoço e, depois de me ouvir contar alguma façanha no recreio, disse: ‘Você não fala como um negro’ ou ‘você nem parece negro’ ou ‘você não se veste como um negro’. Ou o sempre popular: ‘Você é como um
Oreo: preto por fora, branco por dentro’.”

Um livro para quem acredita que uma boa dose de desconforto é a chave para grandes transformações e que, só com o engajamento de todos, nós construiremos a humanidade com que sonhamos.

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