O que começou com uma procura por um curso para ocupar o tempo ocioso na pandemia, acabou virando um baita de um projeto social, que atende 200 pessoas, entre elas, estudantes periféricos, negros, indígenas e trangêneros da Bahia e do Rio de Janeiro. Sim, foi dessa forma que nasceu o Cinema do Futuro (CDF), idealizado por uma adolescente de 16 anos, que oferece, gratuitamente, aulas de dez disciplinas ligadas à sétima arte. O nome da moça é Yasmin, e o sobrenome que carrega é o mesmo de Fabrício Boliveira, que além de astro do cinema e da TV é seu irmão e parceiro nesse empreendimento.
“Sem poder sair de casa, por causa do isolamento social, senti vontade de fazer uma atividade, paralela as minhas aulas online, para ocupar mais o meu dia. E como já tinha interesse em aprender sobre direção de arte e atuação, procurei por cursos remotos nessas áreas. Mas tudo o que encontrei era voltado para maiores de 18 anos. Mediante a essa impossibilidade, conversei com o meu irmão e decidimos juntos criar o CDF, voltado para alunos de 13 a 20 anos”, lembra Yasmin.

O ator e diretor Fabrício Boliveira é parceiro de Yasmin no CDF
E bastou um post nos perfis do Instagram de Fabrício e de sua produtora, a Prascabeças, no mês de junho, para chegarem mais de 500 interessados,só nos primeiros dias da publicação. A partir daí, começou o trabalho de Yasmin, de selecionar os interessados que se enquadravam dentro das prioridades abraçadas pelo projeto.
“Desse total, selecionei 200 pessoas e coloquei todas num grupo de WhatsApp. É por ali que faço todas as comunicações oficiais sobre o projeto. Como é muita gente, deixo o chat fechado até que todos visualizem as mensagens e, depois, abro por um período para que possam tirar qualquer dúvida que tenha ficado”, explica Yasmin.
Para evitar turmas lotas, o que poderia atrapalhar o andamento das aulas, cada aluno teve direito a escolher três disciplinas entre as dez oferecidas. E as opções foram: figurino, direção de arte, maquiagem, roteiro, fotografia, som, atuação, edição e montagem, produção executiva e direção.
“Com o CDF, a gente espera plantar a sementinha do cinema em cada aluno e, de certa forma, ajudar na promoção da diversidade à frente e atrás das câmeras. E, sobretudo, para que as histórias sobre indígenas, pessoas trans e nós, negros, sejam contadas com mais verdade, sem os estigmas que elas costumam carregar”, acrescenta Yasmin, que assiste a todas as aulas, em que também atua como uma representante de turma.
O irmão famoso é só orgulho. Ele que embarcou no projeto animado pela ideia de inclusão, está feliz com os resultados iniciais e com o desempenho da irmã, tanto como aluna quanto como gestora do projeto.
“É muito bom oferecer essas disciplinas para adolescentes e jovens, que não tiveram seus pais no cinema e não se veem representados nele. Convidei amigos, com quem trabalho e acredito, para ministrar as aulas e estou bastante animado com o resultado, além de muito surpreso com a capacidade da Yasmin, que, apesar de tão nova, está conduzindo perfeitamente um projeto dessa importância. Internamente, é ela que coordena tudo e está mandando muito bem”, elogia Fabrício.
O projeto teve início no dia 28 de junho e vai até o dia 31 de agosto. Até o momento, os alunos já tiveram aulas das disciplinas figurino e direção de arte. Sobre uma próxima edição do projeto, Yasmin deixa em aberto.
“Depois que acabar essa edição, vou conversar com o meu irmão essa continuidade. Até porque, com o fim da pandemia, que espero que esteja próximo, talvez possamos oferecer o CDF não apenas da forma remota, mas com classes presenciais também”, completa.
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