Irmãos França inauguram espaço de resgate ao universo de boteco e gafieira no Rio

por | julho 13, 2021

Empresários conhecidos e reconhecidos no Rio de Janeiro, principalmente pelas produções de espetáculos negros na cidade, os irmãos Rodrigo e Fábio França estão juntos, mais uma vez, mas agora com o Bar do Seu França. O espaço, que fica no bairro da Lapa, meca da boemia carioca, está com inauguração marcada para o dia 16 de julho, às 19h, com a proposta de resgatar o universo de boteco e da gafieira, marcantes no Centro da Cidade.

“O Paulinho (Lessa) me procurou e contou a história da casa. Me encantei. Dentre tantas ideias e possibilidades gastronômicas, o Fábio me disse que o fato de estarmos na Lapa, num reduto preto, nosso caminho apontava para o universo do boteco, que é muito rico na Zona Norte e que, de certa forma, no Centro e na Zona Sul começou a se sofisticar de uma maneira muito distante do povo. Nesse espaço, conseguimos deixar evidente a noção de empregabilidade baseada em algo muito importante que é o fato de que não estamos e nem queremos inventar a roda. Queremos somar e potencializar com estabelecimentos que já são potentes. Esse espaço já tem história”, afirma Rodrigo França.

Rodrigo é um dos sócios do Bar do Seu França

O local escolhido para ser mais um ponto de encontro, principalmente para pessoas a partir dos 30 anos poderem sentar, conversar, ouvir música e dançar é o Espaço Cultural Afrodai que, nas décadas de 1990 e 2000, abrigava a ONG Espaço de Estética e Cultura Afrodai. Fundada por sua cabeleireira, Idalice Moreira Bastos, a Dai (morta em 2012) – que chegou a atender personalidades como Zezé Motta, Taís Araújo, Lázaro Ramos e Toni Tornado –, a ONG ensinou meninas entre 14 e 20 anos, de comunidades, a trabalharem com a autoestima das mulheres pretas.

Dai Bastos, era baiana e, quando chegou ao Rio identificou a dificuldade da população negra, principalmente entre os jovens, de não terem como se defender, como continuar a estudar e a se alimentar. A partir daí, ela encontrou o caminho de oferecer uma opção a esses jovens que era de ter uma profissão para que pudessem viver dignamente, ainda que entendesse que a classe dominante dificultava muito a existência das pessoas pretas no mercado de trabalho.

A cabeleireira entendia o capitalismo como a única forma de capacitar alguém para a competição. Em uma entrevista da época, ela chegou a afirmar: “Não tem como competir com o outro se não tem o que comer ou pagar uma universidade. Sem comer, não se tem força, coragem e nem dignidade. Sem comer, você não pensa”. Naquele tempo, o espaço era dividido entre o salão Afrodai, venda de roupas sob medida, maquiagem, bijuterias e aos fins de semana, às vezes, havia barzinho com comida africana e baiana e o curso, que chegou a ter uma fila de espera de 250 pessoas, quando a verba atendia a apenas 30 pessoas, a cada tês meses.

“É como se a história da casa a movimentasse. A ideia do espaço cultural é resgatar as atividades realizadas pela minha mãe e, por isso, estou à procura de empreendedores pretos do universo da moda e salão afro, tanto para atendimento ao público  quanto para workshop, por exemplo, para que assim os ambientes e profissionais conversem e se sustentem harmônica e articuladamente. Aqui proponho a ressignificação da Lapa com um coworking afro, pensado por preto para preto”, conta Paulinho Lessa, curador do espaço e filho de Dai Bastos.

Respeitando todas as medidas sanitárias para a abertura e funcionamento em um momento pandêmico, o Bar do Seu França, ainda conta com a presença e trabalho de profissionais do carnaval carioca, ramo que foi diretamente afetado pela necessidade de paralisação, provocada pela Covid-19.

“Estamos com alguns projetos para serem realizados no bar, principalmente ações que enalteçam a história e obras dos personagens que aqui estão homenageados. Mas, nesse primeiro momento, nossos compromissos são com a empregabilidade de profissionais e parceiros do carnaval e a excelência do atendimento para enterrar a ideia de que carioca presta um serviço ruim”, conclui Fábio França.

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