A primeira edição do Pretinhas da Brasilândia aconteceu no último sábado (11) de março de 2023, na Fábrica de Cultura da Brasilândia. Com produção executiva de Vilma Queiroz e de Renata Poskus, o evento foi concebido para reforçar o poder, a beleza e o potencial da mulher negra, visando colaborar com a autoestima, força e coragem das mulheres pretas de hoje e de amanhã.
Para evidenciar ainda mais a importância da representatividade, a organização do Pretinhas da Brasilândia convidou 4 garotas negras que moram na Zona Norte de São Paulo para serem as protagonistas do editorial do evento.
Vilma Queiroz, idealizadora e produtora executiva do Pretinhas da Brasilândia, destaca “É muito importante para a criança preta ter referências desde sua infância para a valorização da autoestima como imagens em livros, revistas, comerciais e outras mídias, pois assim ela percebe o seu poder e que pode estar onde ela quiser e assim mudar a sociedade.”
“Nós queremos através desse editorial construir imagens lúdicas porém reais, de princesas africanas.
Imagens que alimentam a imaginação das nossas crianças no que diz respeito à riqueza da cultura africana e à valorização de seus corpos como crianças pretas”, declara a figurinista e diretora artística do editorial, Japhete Ozias, que é Benim.
As meninas foram fotografadas como princesas africanas contemporâneas e contaram um pouquinho mais sobre suas histórias.
Rebeca Ventura Lima, 15 anos – moradora do Horto Florestal
“O que eu acho mais bonito em mim é a minha pele e o meu cabelo. Eu gosto de mudar as vezes o penteado, moicano, deixar solto, mais finalizado e mais cheio”.
O figurino de Rebeca remete à uma princesa meiga que tem uma grande paixão pelos têxteis artesanais africanos. Ela só se veste com tecidos e roupas feitos à mão pelos artesãos têxteis do seu povo. Ela desenha e cria suas roupas se inspirando nas artes têxteis artesanais do seu povo. Ela representa o futuro feliz e utópico da moda africana do continente e da diáspora, contou a diretora artística do editorial, Japhete Ozias.
Samira Helena Ese Cole Okosun, 4 anos, mora no bairro de Perus. Ela filha de uma brasileira e um nigeriano e mãe conta um pouco mais sobre a experiência da filha durante o ensaio fotográfico: “Ela está se descobrindo como uma criança negra, com sua beleza. Ela sabe que é bonita e isso vem aumentando a autoestima dela que estamos construindo aos poucos. Antes ela falava que queria ser branca e ter cabelo liso e entendemos o impacto dessas falas, então participar de um ensaio fotográfico sendo uma princesa africana foi muito importante já que agora ela sabe que existem princesas negras além da Tiana, do Príncipe e o Sapo”.
A figurinista e diretora artística Japhete Ozias destaca: “O figurino da Samira remete à personagem de uma princesa que tem como maior símbolo de beleza, a sua alegria e o seu sorriso. Ela ama dançar e cantar”.
Rhianny de Souza Elias, 14 anos, mora na Brasilândia
“Eu gosto muito do meu sorriso, do meu cabelo, da minha pele, da minha cintura, do meu nariz, do meu olhar. Eu já sofri preconceito quando era pequena, era chamada de cabelo duro, nariz de batata, muitas coisas. Eu sempre tive cabelo comprido, antes eu não deixava meu cabelo tão armado, hoje eu gosto dele assim mais cheio, mais presença.”
A figurinista Japhete Ozias conta: “O figurino da Rhianny remete à uma princesa dançarina. Sua dança favorita é o ndombolo, dança originária do Congo. Ela traz essa dança pro seu contexto de princesa preta da diáspora junto com outras danças secundárias que têm influenciado o seu repertório de princesa dançarina.”
Laura Victoria da Silva Soares, 8 anos, mora na Cachoeirinha
A garota conta sobre a experiência de participar do editorial: “Me senti nervosa para fazer as fotos, mas eu amei. Eu nunca tinha sido princesa antes.”
“O figurino da Laura remete à uma princesa meiga que ama as cores vivas e tem como maior símbolo a sua elegância colorida”, destaca Japhete Ozias.
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