O cantor e compositor Eli Soares é um fenômeno da música gospel, mas não só por causa dos números exorbitantes (1.5 milhão de ouvintes no Spotify, 417 milhões de acessos no canal oficial do YouTube e mais de 1 milhão de seguidores no Instagram), Soares é um artista de mão cheia que dentro do segmento gospel domina as nuances do pop ,temperando seu louvor com muito soul e R&B como na melhor tradição negra norte-americana.
Na última semana, o cantor lançou o DVD “Vida”, gravado no icônico Palácio das Artes, em Belo Horizonte, cidade natal do artista e trouxe participação de sua esposa, Késia Soares e de alguns dos grandes talentos da voz brasileira como Ed Motta, Alexandre Pires, Mumuzinho e do rapper Felipe Vilela. O resultado final é fino e já bateu mais de 1 milhão de plays no maior streaming de áudio. “Esse é o nosso objetivo, conseguir fazer com que a nossa mensagem, que é o mais importante, chegue. A música é só o meio, só o formato que a gente escolhe pra reproduzir essa mensagem, mas a gente tenta fazer isso da melhor maneira possível. Eu tenho um cuidado muito especial com cada produção. Sou eu mesmo que produzo. Os arranjos são todos os meus. A gente constrói isso no estúdio com a banda. Eu sempre trago os meninos pra gente ter um tempo de comunhão juntos e conseguir fazer o melhor”, conta.
Eu passei muito tempo estudando todo mundo, entendendo qual é o momento musical de cada um, momento de vida de cada um, pra tentar fazer algo endereçado nesse sentido, e graças a Deus cara, com a ajuda de Deus a gente foi bem assertivo. As três mensagens foram mensagens muito específicas, e eu acredito muito no efeito da palavra de Deus, ela não volta vazia. É uma semente que a gente lança que ela vai florescendo. Então eu acredito muito nisso, e cara eu olho pra esse trabalho com muito orgulho, com muita alegria. – Eli Soares sobre as participações especiais em seu projeto ao vivo
O novo projeto conta com músicas inéditas e sucessos dos seus mais de 12 anos de carreira. “Me Ajude a Melhorar”, “Aonde Está Deus?”, “Promessa”, “Veraneio”, estão entre as faixas que muitas vezes quebraram a barreira do gospel e atingiram bom trânsito entre o público secular. O segredo pode ser a atenção que Eli Soares destina a cada novo projeto. Não à toa, ele foi indicado ao Grammy Latino pela sexta vez consecutiva na categoria Melhor Álbum de Música Cristã em Língua Portuguesa. “A gente faz com todo carinho do mundo, com toda a paixão do mundo. O projeto autoral é sempre um desafio, né? Então, sempre rola aquele frio na barriga. A sensação é a mesma desde o primeiro álbum. Algo que nasceu de você, algo que era só um uma melodia, um gravador de celular, agora tomando forma, tomando toda essa proporção de arranjos e de visibilidade. Sempre um desafio mas é um mix muito gostoso de sentimentos”, diz sorrindo o cantor
Com a gravação de “Vida”, foi a primeira vez que um artista gospel ocupou o Palácio das Artes, reduto tradicional de shows da capital mineira. Pegando para si a tarefa de quebrar muros e chegar o mais longe possível, Eli diz que a demora para chegar a um espaço como esse se deve a fatores variados, incluindo resistência dentro e fora da igreja, até mesmo quando apresentou a ideia de levar convidados do mundo secular. “Eu apanhei muito da internet e comprei uma briga com muito religiosos pelo fato da galera não ter entendido essa missão, mas continuamos firmes, querendo que a mensagem que a gente carrega chegue. Não podemos ser egoístas de carregar algo tão precioso e não querer apresentar isso pra ninguém, né?”
Confira mais de nosso papo com o cantor
A gente sabe que a gente está num momento político aqui no Brasil que muitos religiosos se envolveram com política e talvez isso gere aí uma tensão entre um lado e outro. Você acha que o momento político tenha feito parte dessa resistência com os convidados do seu projeto ?
Eli Soares: Ah, eu acho que de certa forma não. Acho que a crise, ela vem bem antes da política. O povo está em crise independente da política, ela só intensificou isso de uma forma muito maior do que a gente já havia provado, né? Eu acho que de fato não teve esse viés político para esses ataques, não. Foi mais a questão da ótica religiosa As pessoas às vezes não entendem que o evangelho não está no nome de ninguém, que a palavra de Deus não está no nome de ninguém, não pertence a um CNPJ, né? Ele é pai nosso por ser Pai Nosso, ele é nosso. Então eu acho que a questão foi muito mais ideológica do que política. Foi muito mais cultural do que política, sabe?
Quando puxamos na memória essa migração da popularidade do gospel para o mundo secular, a gente trás à memória nomes como com Catedral, Oficina G3 , o Thales Roberto, etc. A gente sabe que a música gospel toca no rádio hoje. Então quando você fala dessa resistência parece ser um passo atrás. Você considera um passo atrás esse tipo rusga?
Eli Soares: Eu acredito que a gente está avançando. Não na velocidade que a gente queria, da forma que a gente queria, mas existe um avanço. A gente não pode negligenciar isso. O problema é que às vezes um comentário negativo faz mais barulho do que dez comentários positivos. Confesso que foi a minoria, com certeza a minoria que foi contra, que não entendeu, e eu respeito todo mundo nesse sentido. Mas acaba fazendo muito mais barulho do que a maioria que comenta, que torce, que tá ali, torcendo pra que dê certo. Então, o problema é esse, cara. É sempre o barulho dos negativos, né. É o barulho daqueles que perseguem, ele acaba se sobressaindo sobre todo o contexto, mesmo positivo que existe. Teve muita gente apoiando, muita gente orando por mim, muita gente intercedendo por mim, muita gente mandando palavras de apoio e de encorajamento dizendo “cara vai pra cima essa é sua missão”.
Ouvindo o trabalho , a gente já sabe que as pessoas que você convidou, tem uma qualidade musical, vocal incrível. Como você escolheu essas pessoas?
EliSoares: O critério foi estar com gente que eu admiro, sabe? Poder cantar com gente que há dez anos atrás eu ouvia em casa e pegava o violão aprendendo a cantar, aprendendo a tocar as primeiras notas, ouvindo esses caras. Então a primeira direção para escolha de todo mundo é querer estar no palco com quem eu respeito, com quem me influenciou, com quem faz parte da minha vida musical. Poxa, há dez anos atrás eu nunca imaginaria que estaria num palco com Ed Motta. Então assim, pra mim é a realização de verdade, um sonho pessoal e uma honra gigantesca.
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