ENTREVISTA: Deize Tigrona fala sobre lançamento de novo disco: “Não Tem Rolê Tranquilo”

por | março 21, 2024

Ícone do funk, a cantora e compositora carioca Deize Tigrona lançou no último dia 7 de março, seu mais novo álbum de estúdio, Não Tem Rolê Tranquilo, e bate um papo com a Trace Brasil sobre o lançamento.

O disco apresenta sete faixas no total, cinco delas totalmente inéditas – uma vez que “Vilão” e “Prazer Sou Eu” já haviam sido lançadas como single poucos meses atrás. A produção musical de Não Tem Rolê Tranquilo é coletiva, feita pela própria Deize em parceria com cada uma das participações especiais: Iasmin Turbininha, Larinhx, BADSISTA, Boogarins e KD Soundsystem (Holanda). O álbum é uma resposta de Deize aos rolês da vida, sejam eles bons ou ruins, públicos ou secretos. 

Depois de uma elogiada e esgotada tour europeia em 2023, Deize voltou ao Brasil no ano passado, bastante mexida com o tanto de referências novas e conexões feitas por lá. “É uma insistência minha de querer o funk na Europa, a minha gana é conquistar o mundo”, completa Deize. “Não hesito em ficar parada e isso me leva para outros territórios. Eu já tinha outros feats. com uma galera de fora, conexões que me ajudaram a dar a cara à tapa. De algum jeito eu quis trazer essas vivências também pro Não Tem Rolê Tranquilo”, explica a cantora.

E ela não exagera aqui. Munida das ótimas colaborações presentes na ficha técnica do álbum, Deize oferece aos ouvintes um trabalho pop e dançante. As faixas seduzem tanto pelas letras, quanto pelos arranjos, trazendo à tona um funk displicente, à moda da nossa Tigrona e atualizado pelas habilidosas criações de Turbininha, Larinhx, BADSISTA, Boogarins e KD Soundsystem.

“Escolhi esse pessoal a dedo. É um disco apaixonante, porque eu escrevo com amor e paixão. Eu estudo antes de escrever e compor, gosto de criar essas melodias”, Deize comenta sobre o processo criativo por trás do novo álbum.

“Mais uma vez sou eu me desafiando e agora chamando essa galera que também tá sempre se reinventando, para fazer um som comigo. O funk favela de Turbininha, a sensibilidade de Larinhx, o pancadão de BADSISTA, um som mais viajadão com os caras do Boogarins e o funk rave que fiz junto com o KD Soundsystem. Olha o tanto de coisa que tem nesse disco. Tô feliz, o meu lance é sair da minha zona de conforto mesmo”, celebra Deize.

O álbum anterior de Deize, Foi Eu Que Fiz, de 2022, colecionou ótimas críticas entre o público e a imprensa especializada. O trabalho rendeu para Deize uma atualização de lugar dentro da cena pop brasileira, ao que ela credita o fato de se tratar de um projeto mais íntimo. 

“Eu sou bem tímida e Foi Eu Que Fiz de algum modo saiu mais sensível por causa disso, a galera se ligou nessa sensibilidade, acho que é um álbum que toca. E apesar de Não Tem Rolê Tranquilo sair mais abusado, chamando pro front, ele também é um disco que fala do que teve de bom, mesmo quando tudo parecia ruim. Ainda vão rolar várias do Foi Eu Que Fiz nos shows, isso é fato, ele tá fresco ainda. O Não Tem Rolê Tranquilo vem na sequência como complemento dessa minha setlist de palcos. Estou com vontade de ter mais espaço nos festivais e esse lançamento surge agora pra gente conseguir isso”, reflete a artista.

Para concluir, Deize discorre sobre Não Tem Rolê Tranquilo como um todo: “É uma estética da vida. Falo sobre tudo que me aconteceu e como eu encarei. Porque se você não assumir teu b.o., não tem quem feche com você. A vida não é um morango, mas também não quero aceitar essas coisas sempre como um final, fazer do ruim o normal. Eu quero é estar na pista. Não foi nada fácil ter esses acessos que eu enxergo hoje, foi fruto de insistências distintas. Mas tá rolando e é isso que eu quero: seguir construindo. É corre pra caramba, não tem rolê tranquilo”, ela pondera.

E a cantora bateu um papo com a Trace Brasil sobre o lançamento.

Confira a entrevista:

Deize, seu álbum anterior “Foi Eu Que Fiz” recebeu críticas muito boas. Como você avalia a Deize daquele álbum e a Deize de “Não Tem Rolê Tranquilo”? Como você se transformou entre um e outro?

O álbum “Foi Eu Que Fiz” recebeu várias crítica boas, foi muito bom, principalmente por causa de “Monalisa”, “Bondage”, “Sururu das Meninas” também, né? Realmente surpreendeu a galera, né? E isso seria inevitável, né? Numa continuação de álbum não fazer algo superior ou algo quase que igual. Então a transformação foi necessária. O meu ego, né? Que eu sei fazer povo tá estudando, por estar acompanhando a pista realmente. E eu estou muito feliz e aceitando que realmente um puxou o outro e e que está dando certo.

O seu novo álbum traz bastante colaborações. Como você gosta de trabalhar nessas parcerias e como esses artistas influenciam seu trabalho?

Tem bastante parceria, né? Mas principalmente uma parceria intensa da Larinhx, né? Uma cantora foda que que trabalha as outras minas também, fez o álbum “Eu gosto de garotas”, que eu também participo. Badsista, nosa, adoro o eletro, house, nossa, acho que é o dedo mesmo da parada, sabe? KD Soundsystem, é um pessoal da Holanda, eu já conheci em 2019, fiz um trabalho com eles e agora foi um trabalho mais intenso. Boogarins, os caras têm um som muito viajante, um som que, sei lá, que leva te leva em outro lugar, parece que você fica ali naquela bolha só viajando. Eu gosto de estar trabalhando com a galera que eu acredito, sabe? Que eu gosto realmente, que goste também do meu som. Eu gosto de estar junto.

Foto: Marie Fages

Você comenta que o álbum é “mais abusado” o anteror de certa forma e que fala muito de como você encarou situações que aconteceram com você. Como é para você usar essas suas experiências pessoais e expôr isso na sua música?

Olha, realmente a maioria das minhas escritas são vivências, né? Mas nem tudo também, algumas são vivências de outras pessoas né? São relatos. Mas pra mim é fácil porque minha vida é um livro aberto. Então é fácil transformar coisas em poesias, em canções, em melodias, sabe? Que leva a galera também a refletir, a ver que nem sempre o rolê é tranquilo. São fatos que pra mim viram melodia, música. Algumas coisas que eu guardo pra mim e são tantas vivência que até um livro eu estou escrevendo.

Você expressou a vontade de ter mais espaço nos festivais. Quais outras expectativas você tem pro álbum? E já tem planos futuros de como continuar inovando na sua trajetória artística?

O álbum também nasceu dessa gana de querer ter mais espaço nos festivais, aumentando setilist também. Outra expectativa é elaborar os dois álbuns em vinil, elaborar nas artes plástica, né? E com isso, vir nessa inovação, né? Porque artista, né? A gente se vira nos trinta, né? Ainda mais agora, né? Eu não estou mais trabalhando como gari, estou me dedicando à carreira, me aprimorando mais. Estou sempre buscando um jeito de inovar, esse inovar é continuar nas artes, articular as coisas.

Para finalizar, quem é Deize Tigrona por ela mesma?

Deize Tigrona é a menina da fisionomia bruta, mas do coração doce e carinhoso, né? Há quem diga que eu sou gostosa também. Mas Deize Tigrona tem uma timidez que é visível. Deize Tigrona é tímida. Deize Tigrona é do front, é isso.

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