Com o novo disco, “Garcia”, lançado no final de março, Victor Xamã joga o rap dentro de outros estilos para conferir um trabalho consistente e cheio de personalidade. A bonita capa é uma parte da homenagem à própria mãe, que inspirou o artista em cada uma das composições.

Apesar do receio da mistura, o projeto rendeu algo do qual o rapper se orgulha. “Então,  eu tive medo, mas ao mesmo tempo também tive o cuidado de trazer todos esses estilos de música e essas várias participações de vários nichos, né? Tem a presença da Luedji Luna que vai para essa parte da nova MPB, tem o Big Black e o VND que vai para o estilo de rap um pouco mais agressivo, tem o Mateus Coringa e bem mais. Juntei pessoas de vários universos assim né e compilei isso é no trabalho de uma forma que faça sentido”, explica Victor Xamã

Ainda sobre as parcerias, o rapper fala com alegria da solicitude da cantora e compositora baiana Luedji Luna. Segundo Xamã  “ela entregou tudo na maior velocidade do mundo e interagiu da melhor maneira possível”. Ser recebido por uma das cantoras mais talentosas do país é de fato o motivo para ficar alegre e o resultado pode ser conferido na ótima faixa “Vigésimo Andar”, também com participação de Duda Raupp e Flávia K.  “Cara eu realmente fiquei emocionado de ter a participação dela e de ter feito uma das músicas mais bonitas da minha vida”, declara.

Integrante de uma família de doze irmãos, Victor Xamã relembra a força da mãe para manter todos vivos e sonhando. Com ascendência  indígena, Garcia ilustra gloriosa e orgulhosa a capa do novo trabalho do filho. “Desde cedo a minha mãe mentiu para trabalhar no Distrito Industrial, mais tarde ela teve o meu irmão mais velho e o pai dele acabou abandonando a família”, conta o artista, numa história comum a muitos sujeitos não brancos do Brasil.  “Cara, minha mãe sustentou a família da melhor maneira possível, sabe? (…) Ela se formou na universidade tarde, né? Em todas as aulas e eu ia com ela porque ela não tinha com quem me deixar”, conta o rapper sobre sua musa inspiradora.

“Vitor eu tô parecendo uma entidade meu filho! Que coisa bonita” – Garcia, mãe de Victor Xamã e capa do álbum

Imagem: Divulgação

Vindo de uma casa em que a música popular estava presente, Xamã cresceu com divas como Ivete Sangalo e Alcione tocando alto em casa, mas a negritude da música norte-americana também esteve presente nos disco de jazz da mãe, assim como  artistas como o primo Marcos Paulo, o Black Pumas e Charles Bradley ajudaram a moldagem das influências do novo disco, além claro dos próprios presentes no disco.

Incisivo, mas acessível, o rimador espera que o novo trabalho fure a bolha do rap e aumente seu público. Mesmo sem seguir fórmulas para massagear algoritmos, “Garcia” é um disco gostoso de ouvir faixa a faixa e tem uma narrativa interessante. “O segredo da música eterna é fugir dessa matemática exata e eu acho que eu falo isso porque eu acredito muito no que eu fiz”, finaliza.

“Garcia” está disponível em todas as plataformas digitais.