“Afrodith”, novo álbum de Iza, chega 5 anos após “Dona de Mim”, seu primeiro trabalho e que a apresentou ao Brasil de forma estrondosa. Iza se reencontra dentro da música e limpa os fantasmas da separação amorosa e profissional de seu antigo produtor.
“Não estou reinventando a roda em ‘Afrodith’, mas é algo diferente do que eu já tinha feito porque eu estou me sentindo mais segura, mais vulnerável. As músicas do “Dona de Mim” eram importantes naquele momento porque era para se reerguer. Este álbum novo não é de superação. Me sinto evoluída nesse sentido. Essa chave virou para mim. Eu tenho menos preocupação com que o outro tem pensado da minha arte. Esse desprendimento é viciante”, desabafa.
Foto: Divulgação
A cantora ouviu muito funk e muito afrobeats até chegar na maturação final de “Afrodith”. Ela conta não ter gravado o ritmo antes porque o respeita o suficiente para não fazer nada gratuito. “É uma das melhores coisas que o Brasil já desenvolveu e eu esperei surgir naturalmente meu caminho para isso. Eu estava pronta para criar e parei tudo para poder estar ali, criando. Nada foi muito pensado, acabou acontecendo”, diz.
“Que se Vá” é uma obra de arte muito divertida. Nem tudo que falo lá aconteceu comigo e isso que foi foda. Chegar no momento em que a gente pode falar uma coisa com leveza, com deboche é a beleza da parada”, conta Iza sobre uma das faixas do álbum.
Visivelmente satisfeita com a sonoridade que conquistou no álbum, a artista de 32 anos tem se dedicado com muita fome ao ao trabalho. Ela parou de excursionar para se envolver 100% com a produção das faixas. Em “Afrodhit”, Iza traz para concepção visual uma mistura de referências que vão desde a óbvia alusão à deusa do amor, da beleza e da sexualidade na antiga religião grega, passando pelo clássico da Sessão da Tarde “Splash – Uma Sereia em Minha Vida”, “Bacurau” e “Cocoom”. Admitindo sua nerdice, Iza trouxe inspiração do contemporâneo, mas clássico Steven Universe. “Eu amo a Garnet. Eu nunca tinha visto uma heroína que fala grosso, que é retinta igual eu”, revela”
“Este álbum é sobre amor, amor próprio, início, término. Afrodite estava entediada e quis vir para Terra se sujar de vida”
Desde o último álbum de Iza, o Brasil passou por transformações drásticas. “Dona de Mim”, segundo a artista, não foi tão planejado, ao contrário de “Afrodhit”, que se amarra por uma narrativa, tornando o resultado coeso. “Por mais que aquele álbum de 2018 se chame ‘Dona de Mim’, eu me sinto muito mais dona de mim agora”
A impressão que fica é que realmente temos uma Iza mais livre, solta para falar o que quer da forma que quer sem preocupações ou amarras. É como se a cantora tivesse plena noção do tamanho que tem.
“Eu estou vivendo um momento especial porque eu estou bem e não eu estou bem porque estou vivendo um momento especial”
Para quem se preocupa com charts e números, o trabalho tem potencial para jogá-la lá para cima em termos de novos fãs e audições, mas sobretudo soa como projeto de uma artista e não algo pensado apenas para ter sucesso ou nascido da obrigação de gravar, o que confere uma espontaneidade pop que a gente costuma encontrar apenas na cena indie brasileira.
Iza termina a coletiva com a voz embargada e agradecendo aos jornalistas por espalhar a chegada do álbum. “Eu sei que tem gente na rua, tem gente em casa, tem gente com criança em casa. Obrigado pelo carinho (…) Vocês serem maneiros me deixa feliz pra caramba. Esse álbum é muito especial para mim e lançar com vocês é especial pra cacete”, conclui.
0 comentários