“Josafá nos liberta das normas ao encarnar na pintura a energia forte que vem desde suas ancestralidades, desde o rupestre até o contemporâneo, rompendo limites e territórios imaginados”, afirma o curador Bené Fonteles. Para ele, “as oferendas sofisticadas e ousadas da estética de um Candomblé artístico e transversal fazem da arte de Josafá uma ponte poética para se chegar à energia visceral e criadora da entidade”. A mostra, diz Bené, não apenas representa os orixás, mas os incorpora como potência plástica, espiritual e poética.
As “Cabeças de Orixás”, produzidas em cerâmica e pintadas com as cores e formas sagradas de cada divindade, são um dos destaques da exposição. As esculturas representam o orí, que significa “cabeça” em iorubá, espaço sagrado que abriga o axé, princípio vital que conecta o indivíduo à espiritualidade. Para cada escultura, a escritora e atriz Cristiane Sobral criou poemas que dialogam com os orixás cultuados na Umbanda e no Candomblé.
Duas grandes esculturas em madeira policromada integram a exposição. Uma delas representa Xangô, orixá associado à justiça, aos trovões e ao fogo. A peça, que impressiona pelo porte, mede 2,5 metros de altura e pesa aproximadamente 450 quilos, evidencia a força simbólica dessa divindade. A outra obra homenageia Oxóssi, senhor das florestas. Esculpido em madeira de raízes de árvores, o orixá aparece montado sobre uma criatura mítica, adornada com chifres, que remete ao universo dos invisíveis. A mão de Oxóssi, moldada em bronze a partir do próprio molde da mão do artista, segura seu arco e flecha, instrumentos ritualísticos.
A exposição também apresenta a instalação “Reverência a Oxalá”. Nela, 700 esculturas em gesso pedra, pintadas manualmente, se distribuem pelo ambiente, formando uma composição circular que evoca a coletividade, a espiritualidade e a conexão com o sagrado, em reverência ao orixá associado à criação, à paz e à sabedoria.
A exposição “Orixás” faz parte do Circuito Funarte de Artes Visuais Marcantonio Vilaça 2023.
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