No próximo dia 2 de dezembro o samba terá seu dia celebrado e, desta vez, ganhará um reforço de peso. Foi esta data tão festejada pelo povo brasileiro que Fabíola Machado escolheu para mostrar ao mundo o “Canto do Povo”, single que dá início ao seu primeiro trabalho solo. O samba inédito de Tiago Machado, Patricia Duarte E Marco Pollo Paiva se estabelece como um chamado sensível à união, lembrando que a força verdadeira reside na capacidade de nos levantarmos juntos. A canção reitera a arte de Fabíola, que é profundamente enraizada na ancestralidade e na força feminina do samba.

“Essa canção traduz a delicadeza da esperança que floresce mesmo nos momentos mais duros, sussurrando a verdade de que a queda não é o fim. ‘Canto do Povo’ é mais do que um grito de resistência, é um abraço sonoro que acolhe a dor e celebra a resiliência da nossa gente. O primeiro single do álbum fala de fé e esperança, na força da união das pessoas para mudança. Fala da fé como a força motora ou motriz para se levantar, se reerguer e contar sua própria história, refazendo seu caminho”, destaca Fabíola que, além de cantora, é compositora, pesquisadora e escritora, destacando-se na cena musical por sua profunda conexão com o samba e os ritmos brasileiros.

Fabíola Machado não é apenas uma voz, é um movimento. Co-fundadora do Moça Prosa, grupo de mulheres sambistas nascido na Pedra do Sal em 2012, em 2018 Fabíola firma ainda o Grupo Awurê, coletivo nascido em Madureira dedicado à pesquisa e reverência de ritmos afro-brasileiros que, em 2023, recebeu o título de Patrimônio Imaterial do Estado do Rio de Janeiro. Nos dois projetos musicais a niteroiense radicada na Tijuca atua como produtora e vocalista, o que faz com que seja uma voz já bem conhecida do público.

O impulso para o álbum solo começou num encontro que Fabíola considera um chamado da ancestralidade feminina. Em meio à sua pesquisa sobre mulheres no samba, ao ouvir os discos de vinil da cantora mineira Aparecida (1939-1985), com seu partido alto e “macumbas” dos anos 1960, Machado sentiu uma conexão imediata. “Ela se mostrou para mim, e isso é ancestralidade: a possibilidade de deixar seu legado por gerações”, acredita. Essa identificação com a música, a história e a obra de Aparecida foi a decisão final para o nascimento de “Caminho“, seu primeiro álbum solo que chega ao público em março de 2026.

Outra matriarca fundamental para o trabalho é Clementina de Jesus (1901-1987), cuja diversidade sonora, a riqueza de ritmos e a personalidade forte em suas interpretações são uma bússola para a artista. Fabíola se estabeleceu como uma das principais representantes da nova geração que incorpora a música e a influência dos tambores do Candomblé em sua música – e em seu primeiro single não é diferente. A melodia de trabalho carrega a emoção da superação, e o verso “Mesmo caída no chão, ainda há força no braço” se torna uma declaração de amor e fé na capacidade humana de se reerguer, lado a lado. É a certeza de que, no samba, o povo encontra não apenas o ritmo, mas o conforto e a coragem para seguir adiante.