Glaw Nader, cantora, compositora, doutora em música e professora da faculdade de música da UFMG volta à baila com o lançamento do single e clipe da canção “Papaloko”, do vodun haitiano. Gravados, single e clipe, ao vivo, numa formação de octeto, a canção traz o sentido de “abre caminho” e vem sendo apresentada pela cantora sempre no início dos shows, com o desejo de bons agouros e esperança. “Papaloko é o vento, é a palavra, e eu entendo isso como o que vem antes e o que abre o caminho em tudo. Inclusive porque na filosofia africana a palavra não deve ser dita ao vento, à toa, ela sempre tem um propósito. Então, Papaloko, vem com esse sentido de abrir caminhos, soprar as novidades que vou trazer em 2024”. O áudio estará disponível em todas as plataformas de streaming à 0h do dia 3/5, sexta-feira, e o clipe, na mesma data, ao meio-dia, no canal oficial da cantora no YouTube.
“Para mim, Papaloko está para além de uma música, é um canto que me conecta ao meu sagrado. É uma música que mexe muito comigo”, explica a artista, que vai ao encontro de sua ancestralidade de forma a trazer a autoestima para o povo preto por meio da exaltação de sua cultura.
Glaw Nader conheceu esta canção quando fazia o mestrado em música na UFMG, ela estudou improvisação aos moldes do jazz estadunidense. Em uma sequência histórica, o jazz remonta ao blues que, por sua vez, tem raízes, exatamente, no vodun.
Sendo assim, sabendo o que canta e entendendo a profundidade da canção, Glaw, como intérprete, trouxe Papaloko para o início de seus shows.
“Desde 2021, eu abro meus shows de jazz com ela, aproveitando para contar um pouquinho dessa ascendência afro-religiosa do jazz que partilha tanto com o choro e o samba”, comenta a cantora.
Dessa forma, Glaw fez o arranjo da música trazendo referências caboveridanas, da santeria cubana e com candomblé, não deixando de lado a instrumentação jazzística que é o tema de seus estudos na academia. A sonoridade da canção é formada por uma jazz band com trio de metais, piano, baixo, bateria e percussão, resultando em um caldeirão sonoro que se liga diretamente com a potência da música afrodiaspórica.
Em um dos versos da canção, é dito “Fale, Papaloko, fale muitas palavras/Que vem e vão”. Por isso, a necessidade de a gravação da canção e do clipe ser ao vivo, porque afirma o entendimento da cantora sobre o significado da letra da música em trazer a verdadeira emoção, sem filtros ou melismas, que muitas vezes enriquecem a técnica, mas perde no sentimento. A banda é formada por Leonardo Brasilino, no trombone, Pedro Mota, no trompete, Vinicius Augustus, no saxofone, Maurílio Rabelo, na percussão, Pedro Ramalho, na bateria, Thiago Hamsik, no contrabaixo, e Samuel Ekel, no piano. A gravação, mixagem e masterização feita por Rafael Dutra, do estúdio Acústico Motor.
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