Kayus Bankole, do Young Fathers, fala com a Trace Brasil após show no C6 Fest

por | maio 20, 2024

O concerto faz parte da turnê de seu quarto álbum de estúdio, o elogiado Heavy Heavy, lançado em 2023 pela Ninja Tune

No dia 19 de maio (domingo), o trio escocês Young Fathers subiu no palco do C6 Fest, que aconteceu no Parque do Ibirapuera (São Paulo, SP). O show fez parte da turnê de Heavy Heavy, seu quarto álbum de estúdio lançado pela Ninja Tune, em fevereiro de 2023. Com uma mistura única de influências musicais que vão do hip hop ao pop experimental, os amigos de infância Alloysious Massaquoi, Kayus Bankole e G.Hastings levaram o público em uma jornada sonora emocionante e repleta de energia, uma experiência musical intensa e inesquecível, com performance ao vivo que captura a essência do álbum de forma visceral. E o Kayus ainda bateu um papo com a Trace Brasil sobre o trabalho do grupo.

Assim que as luzes se apagam e o som ecoa pelos alto-falantes, a atmosfera se torna eletrizante. A energia pulsante do palco, combinada com a presença magnética dos membros da banda, cria uma sensação de antecipação palpável que envolve o público desde o início. O Young Fathers não decepciona quando se trata de entregar uma performance de tirar o fôlego. Com sua habilidade de alternar entre rimas rápidas e melodias emotivas, eles mantêm o público cativado a cada momento. Cada música é executada com paixão e precisão, deixando uma impressão duradoura nos espectadores.

Com letras profundas e batidas pulsantes, as músicas do álbum exploram temas de identidade, sociedade e amor de uma maneira que ressoa para uma ampla gama de ouvintes. Desde sua formação em Edimburgo, o Young Fathers tem sido conhecido por sua abordagem inovadora à música, combinando elementos de diversos gêneros para criar um som verdadeiramente único. Com Heavy Heavy, a banda eleva essa abordagem a novas alturas, entregando um álbum que é ao mesmo tempo provocativo e acessível – e foi considerado pelo The Guardian como o segundo melhor de 2023.

Foto: Filmart Media

A obra foi gravada pelos três integrantes em seu estúdio no porão, com alguns equipamentos e microfones: tudo sempre conectado, tudo sempre ao alcance. Abrindo, “Rice” estabelece o tom para a vasta gama de estilos, gêneros e influências que o trio consegue encaixar nas 10 faixas do álbum. Em outras partes de Heavy Heavy, ritmos cinéticos, caos controlado e alma desenfreada nos singles “Geronimo”, “Tell Somebody” e “I Saw”, demonstrando como Young Fathers contorna habilmente qualquer tipo de fronteira musical.

Sobre o título, a banda diz que “Heavy Heavy” poderia ser um estado de espírito ou poderia descrever o granito liso do baixo que sustenta o som… ou poderia ser um aceno para a progressão natural de meninos para homens adultos e o inevitável ônus de viver, um fardo alegre, relacionamentos, família, o ímpeto natural de um grupo que esteve por tempo suficiente para testemunhar mudanças massivas.

“Você deixa os demônios saírem e lida com isso”, reflete Kayus sobre o álbum. “Faz sentido depois”.

Confira a entrevista que Kayus Bankole deu para a Trace Brasil:

Kayus Bankole | Foto: Filmart Media

As performances de vocês ao vivo são consideradas energéticas e viscerais. Vocês já devem ter escutado por aí que o público brasileiro é bastante animado. Como foi a expectativa para esse show aqui? Chegaram a se preparar de alguma forma diferente?

Tocar ao vivo é quando a música realmente ganha vida. No nosso show, não há uniforme, não há tentativa de ser cool. É uma celebração de todas as pessoas diferentes em um espaço se movendo juntas como uma só. Nós nos apresentamos como se não houvesse correntes nos puxando. Mantemos a porta aberta para surpresas e espontaneidade. Gostamos de sentir que estamos no limite. Nenhum momento é igual ao outro. É imperativo tratar cada show dessa forma para nossa própria sanidade.

Vocês estão em turnê promovendo o álbum “Heavy Heavy”, super elogiado. Como foi o processo criativo e de gravação deste álbum em comparação com os anteriores?

Nós três tivemos sentimentos diferentes sobre o processo de gravação. Alguns gostaram mais do que outros. Do que tenho certeza é que este álbum nos permitiu realmente avaliar as coisas que nos fazem Young Fathers. Desenvolvemos um senso de apreciação maior pela individualidade de cada um. Sempre abraçamos as perspectivas uns dos outros, mas algo parecia diferente ao fazer o “Heavy Heavy”. Fizemos mais de 40 músicas. Tratamos nosso tempo de gravação como um trabalho das 9 às 17. Passamos tempo com a família e encontramos gratidão em poder compartilhar momentos com eles.

Como vocês trabalham a parte experimental da música de vocês? Vocês provavelmente estão sempre pesquisando sons novos, como usam as referências na evolução do seu trabalho?

Na verdade, não ouvimos música antes de gravar. A arte e a fotografia são o que impulsionam nosso processo criativo. Abordamos cada empreitada criativa com uma exuberância juvenil; apenas vamos em frente sem nos preocupar com o que é permitido e o que não é. Tudo no nosso estúdio está ao alcance e pronto para gravar. Todos temos a liberdade de pegar as coisas e explorar, e incentivamos uns aos outros a experimentar.

Vocês mencionam que o título “Heavy Heavy” pode representar um estado de espírito ou o peso das responsabilidades adultas. Como é para vocês tratar esse tema depois de mais de 15 anos de carreira e tendo acompanhado a vida e o amadurecimento um dos outros pra além desse período?

Todos os nossos álbuns têm sido um reflexo de como nos sentimos no momento. Permitimo-nos estar atentos a tudo e tentar absorver o máximo que podemos. Gravar nos dá a chance de fazer sentido das coisas. Heavy Heavy não representou apenas o peso da responsabilidade adulta, mas também foi nossa maneira de ir contra o que estava acontecendo ao nosso redor na época. O álbum foi gravado quando todos fomos instruídos a nos isolar e ficar longe uns dos outros. Para contrariar isso, fizemos músicas que colocavam a humanidade em primeiro plano, com ênfase na comunidade e na união.

Para finalizar, quem são os Young Fathers por eles mesmos?

Quem é você? Mostre-se.

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