Com uma divulgação ruim, preços altíssimos e um line up bem duvidoso considerando o espaço em que escolheram realizar o evento (o estádio Allianz Park, na Barra Funda, em São Paulo), o GP Week amargou baixa venda de ingressos e arquibancadas vazias no primeiro dia. Os esforços de Machine Gun Kelly, Swedish House Mafia e Halsey não foram suficientes para fazer o primeiro dia (4)  decolar.

Hoje (5), mais uma vez, como já aconteceu em outros festivais, vimos os artistas brasileiros serem subestimados e colocados para tocar no início e meio da tarde. Iza e Tasha e Tracie entregaram shows dignos aos presentes enquanto parecia que os números na arena seriam mais um fracasso.

Eis que após duas atrações internacionais (Sofi Tukker e Thundercat) a grande estrela da noite surgiu, Kendrick Lamar foi o responsável por esse GP Week não ser lembrado como um fracasso absoluto. Quando o estadunidense se preparava para iniciar o show, uma multidão cantava a plenos pulmões “Ela Partiu”, de Tim Maia, mostrando estar mais que preparada para oferecer o calor do público brasileiro à estrela.

Emendando hits, com pouca conversa e muita música, Kendrick trouxe catarse aos milhares de pessoas presentes que reagiam a cada música com uma animação que faria as atrações do Lollapalooza sentirem inveja.

‘good kid, m.A.A.d. city’ e ‘To Pimp a Butterfly’ foram dois álbuns que arrancaram parte dos gritos dos fãs quando forneceram algumas de suas preciosas faixas ao setlist do artista.

No trecho final da apresentação, Kendrick interagiu alguns minutos com o público que reagiu de forma efusiva antes de presenciar outra sequência esmagadora de hits.

Kendrick Lamar é um dos maiores rappers de todos os tempos e só ele fez valer a pena o desleixo do GP Week.

Confira como foram os outros shows:

Tasha e Tracie

Tasha e Tracie subiram com alguns minutos de atraso ao palco do GP Week, festival realizado em São Paulo. com um público pequeno, mas engajado, as gêmeas tocaram as músicas mais conhecidas e foram bastante aplaudidas, sobretudo na faixa “Diretoria” e “Tipo, um sonho de consumo”. O público que não conhecia parecia atento ao que as irmãs tinham a dizer. O carisma das meninas é poderoso.

Foto: Isabelle India

Iza

Iza, ballet e banda fizeram o show que se esperava de uma das maiores cantoras pop do país. O  R&B misturado a funk e soul da musa fez os presentes dançarem a todo momento, incluindo nas canções de seu mais recente trabalho, “Afrodhit”.  A cantora ainda desceu e fez um 360 graus de tour no meio da plateia que a acompanhou aos gritos. A participação do rapper L7nnon foi a cereja no bolo da boa apresentação da cantora.

Foto: Van Campos

Sofi Tukker

O duo de música eletrônica Sofi Tukker, formado em Nova York e composto por Sophie Hawley-Weld e Tucker Halpern fez um show mais que simpático no GP Week. O estilo musical dos dois destoou um pouco do que tinha sido apresentado no dia, mas o sorriso e o português fluente da vocalista conquistou a plateia que dançou todas as músicas, até mesmo uma canção em ritmo de bossa nova. 

Se a escalação da dupla foi equivocada em se tratando de proposta do dia, ao menos os artistas conseguiram contornar e com certeza saíram com um punhado de novos fãs do Brasil

Thundercat

O premiado músico Thundercat teve a tarefa de aquecer o público para o aguardado rapper Kendrick Lamar, com quem inclusive fez parcerias nos discos de DAMN e To Pimp a Butterfly. O virtuoso baixista teve a sorte que os artistas anteriores não tiveram e pegou o Allianz Park mais cheio e disposto. Se as canções não são grandes hits, o jazz fusion do artista misturado a barulhos eletrônicos emulando jogos de videogame foram animando a plateia e uma pergunta mais uma vez fica no ar em um festival que busca ser grande: por que colocar Iza para tocar com estádio vazio e uma atração de jazz fusion alternativo que, embora cheia de qualidades, não tem o apelo popular da cantora?

Enfim, foi um bom show de Thundercat, mas o artista tem mais cara de festival de jazz ou atração intermediária.