Luedji Luna em travessia: amor, arte e ancestralidade no palco e na vida

por | agosto 9, 2025

Artista de presença imponente e poesia afiada, Luedji Luna inicia uma nova jornada musical com a turnê “Um Mar Pra Cada Um, Antes Que a Terra Acabe”, que estreia no palco do Vivo Rio no dia 9 de agosto. O espetáculo reúne os dois álbuns mais recentes da cantora baiana, em uma fusão potente de sonoridades, emoções e reflexões sobre amor, identidade e pertencimento.

Marcada por uma trajetória que atravessa o jazz, o neo-soul e a música afro-brasileira, Luedji apresenta neste novo projeto uma obra madura, onde a delicadeza se mistura à intensidade, e a espiritualidade dialoga com a vivência cotidiana. A maternidade, a ancestralidade, o desejo e a cura surgem como fios condutores de uma narrativa que é, ao mesmo tempo, íntima e coletiva.

Em entrevista exclusiva, Luedji fala sobre o significado de dar início à turnê no Rio de Janeiro, o encontro entre seus dois novos álbuns no palco, a influência da maternidade em sua arte, sua estreia no cinema e os mares que atravessa como mulher, artista e filha da diáspora africana.

Confira a seguir:

1. O início da travessia
O Rio de Janeiro será o ponto de partida para essa nova turnê. Por que escolheu a cidade para abrir essa jornada e o que espera sentir ao reencontrar o público carioca?

O público do Rio é muito quente. É um público que eu amo muito, que sempre me recebeu muito bem. A estreia do Deluxe também foi aqui, no Circo Voador, e agora estarei no Vivo Rio. Também um gigante e um dos mais respeitados do país. É a estreia no sudeste, eu já passei em festival em Brasília e fiz o show completo em Recife. Estou muito animada e na expectativa de como o público vai receber essa nova turnê.

2. Dois álbuns, dois mundos
Você descreveu Um Mar Pra Cada Um como imaterial e etéreo, e Antes Que a Terra Acabe como terreno, telúrico e hedonista. Como esses dois universos se encontram no palco?

Os álbuns são espelhos. Um é sobre a dureza e a leveza também de lidar com o amor e todos os lados dele – até os feios, ruins. É a busca e tudo que encontramos nesse caminho. É o mergulho. E “antes que a terra acabe” vem com o carnal, com os desejos e com a cura. E isso fica explicito no roteiro do show, no caminho que construímos e, inclusive, na liberdade que o jazz propõe.

3. O mar como metáfora
O título da turnê evoca travessia, movimento e urgência. Que mar você está atravessando agora, como artista e como mulher?

são mares agitados de quem está em uma fase, mas leve. Estou numa fase que quero que a música me leve pra onde tenho que ir, mas com o limite de eu estar bem comigo, com saúde, vivendo momentos com minha família, ter tempo pra mim. Até pra eu poder ter tempo e espaço pra poder criar.

4. Maternidade como força criativa
Entre a rotina de shows e o lançamento no cinema, você também vive intensamente a maternidade. De que forma ser mãe influencia sua forma de criar e estar no mundo?

influencia em tudo. ser mãe é minha maior conquista. ter filho é a melhor coisa do mundo. e ele se reflete totalmente na minha arte, esse amor, esse sentir, descobrir. minha poesia é muito sobre tudo que vivi, sobre histórias que nunca vivi ou viverei, coisas que gostaria de falar para os outros. e tudo que aprendo com ele todos os dias, que vivo, me atravessa também dentro da minha arte.

5. Ancestralidade e contemporaneidade
Sua trajetória é marcada pela conexão com a ancestralidade e pelo olhar crítico sobre o presente. Como esses dois elementos dialogam na sua música hoje?

Hoje minha música é mais sobre explorar o amor. Mas já foi muito política, crítica. Eu vim da militância, meus pais são militantes. E eu achava que o amor era piegas, que não era o meu lugar de fala dentro da música. Mas nao teve jeito, foi nessa busca que segui meu trabalho. E o amor é também sobre a minha ancestralidade, sobre as buscas e mensagens que o candomblé me dá, que a espiritualidad me ensina. Tudo faz parte da minha arte.

6. Cinema e novos horizontes
Com sua estreia como atriz em A Melhor Mãe do Mundo, de Anna Muylaert, você se vê explorando mais o audiovisual ou outras formas de expressão além da música?

com certeza. Atuar é vc entregar o seu corpo. É muito curioso. Eu adorei a experiência. É mágico. Exige outra preparação, outro raciocínio artístico.

7. Olhando para o futuro
O que deseja que o público leve para casa depois de viver essa experiência ao vivo?

A cura, o gozo, a liberdade que o jazz proporciona. Quero que as pessoas se aceitem e entendam que nessa busca incessante por amor, também vemos lados nossos lados ruins, mas eles também nos constroem para chegarmos até aqui. Seres divinos, que merecem o amor. Merecem ser amados

8. Ouvintes como cúmplices
Você costuma dizer que sua música é um convite ao encontro. O que espera receber de volta do público nesta nova fase?

o carinho que sempre recebi. As reflexões e as trocas que sempre tivemos

9. Mensagem final
Que palavras você gostaria de deixar para quem vai te encontrar nessa turnê, seja no Rio ou em qualquer parte do mundo onde sua música chegar?

amem, mergulhem, se permitam sentir

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