Há 15 anos dentro do cenário do hip-hop baiano, com o seu antigo grupo Rap Nova Era, Ravi Lobo conquistou reconhecimento nacional com seu trabalho solo, após o lançamento do EP Shakespeare do Guetto em 2022. Apesar das dificuldades em produzir arte de modo independente, dois dos audiovisuais lançados pelo MC foram premiados pelo Festival M.V.F. (Music Video Festival Awards) por dois anos seguidos.
No próximo dia 20 de fevereiro chega em todas as plataformas digitais a expansão desse universo musical e poético que é o “Shakespeare do Gueto II” do artista baiano Ravi Lobo. Fruto de uma caminhada difícil e de realizações de um artista que abraçou a essência da cultura Hip-Hop como luta política e de oportunização para os oprimidos em nossa sociedade.
Contando com 13 faixas, Shakespeare do Gueto II apresenta as diversas facetas do homem Ravi Lobo, que assinou a direção musical do disco. Recheado de participações que dão a dimensão deste trabalho, em parceria com Raonir Braz, que assinou a maior parte dos beats e assinou a mixagem. O álbum contou também com os beatmakers JLZ, EduBeatz, Noturno, Heddy Beats e Braúlio Passos na master, que fecharam o time da produção musical.
Criando um disco essencialmente na estética do drill, porém com passeios por outras vertentes musicais como o boombap, o samba reggae e o trap, Ravi se destaca do grosso da produção por uma estética original. Os feats presentes em Shakespeare do Gueto II, apresenta essas múltiplas facetas de temáticas e de diálogos musicais que o MC desenvolve ao longo dos anos, deixando evidente o seu amadurecimento artístico.
A coesão estética presente na continuidade entre o EP e o disco, dá conta de suas verdades e influências. A importância de sua família, colocada em música tanto em forma como em conteúdo, a participação de sua filha Lis Lobo e do pequeno Dom (“Amor Maior – Interlúdio”). A aproximação com as crianças de sua comunidade plasmada no single lançado em dezembro: Carcará.
Tudo isso muito bem sintetizado na capa do disco pelo artista Raphael Brito, que colocou esses e outros signos, presentes na capa de Shakespeare do Gueto II. A sutileza da presença dos porta-retratos com imagens de sua família e do seu DJ Kbça, mais do que lembranças, presentifica uma memória afetiva aguda, também ilustrada em suas letras.
Oriundo do imaginário do Rap Gangsta, Ravi Lobo desenha ao longo de sua Shakespeare do Gueto, uma poesia de combate às desigualdades estruturais de nossa sociedade. O feat com Galo de Luta, na faixa “Cultive”, dá conta disto. Colocando mundos diferentes para dialogar dentro do seu universo, unindo em um mesmo trabalho artistas diversos, mas amarrando tudo com uma visão estética complexa que dialoga com o passado, o presente e o futuro da luta negra na Bahia e no Brasil.
Expandindo também suas qualidades artísticas, Ravi Lobo que em entrevistas brinca sobre seu começo no Rap Nova Era: “Depois das apresentações na Favela de Plástico, nós voltávamos para casa pensando: “virei cantor”. Arrisca-se também em trechos mais melódicos, como em “Não Boia” que traz um feat com o também MC Raonir Braz.
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